Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Commodities

Lucro da Vale recua 40% no 1º trimestre

Chuva em excesso, fraca demanda da Europa e preço menor do minério reduzem ganho da empresa no início do ano

Analistas preveem desempenho melhor a partir de agora; câmbio desta vez contribui no balanço da empresa

PEDRO SOARES
EM SÃO PAULO

Chuvas em excesso que paralisaram minas, fraca demanda por causa da crise europeia e principalmente preço mais baixo do minério de ferro puniram a Vale nos três primeiros meses do ano: o lucro caiu 40,5% na comparação o mesmo período de 2011, para R$ 6,720 bilhões.

Em relação ao quarto trimestre, o recuo foi de 19,6%. Analistas, porém, enxergam desempenho melhor neste trimestre, com recuperação dos preços, consumo ainda em patamar elevado na China (principal cliente) e retomada da produção e dos embarques de minério de ferro.

Segundo a Vale, o resultado foi "profundamente influenciado pela diminuição do preço do minério de ferro" e do efeito dos problemas com o clima. A mineradora sempre produz menos de janeiro a março por conta das chuvas de verão, mais intensas neste ano. Diante dos problemas, a produção de minério caiu 15,6% na comparação com o quarto trimestre.

O câmbio, vilão em outros períodos, ajudou a Vale no primeiro trimestre e evitou um lucro ainda menor. Exportadora, a empresa se beneficia da valorização do real, pois recebe mais dinheiro brasileiro pelo mesmo volume vendido ao exterior em dólar norte-americano.

Do último trimestre de 2011 para o primeiro deste ano, o câmbio gerou efeito positivo de R$ 1 bilhão no lucro.

Com a crise na Europa (que já foi o maior mercado da Vale antes do boom chinês) e de uma freada suave na China, a receita de vendas da companhia caiu 24,5% na comparação com o quarto trimestre -para R$ 20,1 bilhões.

Um termômetro da debilidade do mercado externo é o desempenho das exportações da mineradora, que recuaram 20,1% na comparação com o primeiro trimestre de 2011 e 39% em relação ao último trimestre do ano passado.

RECUPERAÇÃO

Especialistas já esperavam uma queda do lucro. Marcos Assumpção, do Itaú BBA, previa, em relatório, que o efeito atípico das chuvas, os preços menores e custos elevados refletiram no desempenho. Mas ele prevê retomada das cotações do minério.

Pedro Galdi, da corretora SLW, diz que a China mantém demanda ainda forte.

Para a Vale, a intenção da China de cortar investimentos e fomentar mais o consumo interno só terá efeito no longo prazo sobre a demanda por metais e minérios.

O resultado do primeiro trimestre soma-se a uma série de notícias ruins para a companhia. Entre elas, estão o contencioso sobre a tributação de suas filiais no exterior, que pode chegar quase R$ 30 bilhões, e a nova cobrança do governo de Minas, revelada pela Folha, de R$ 1,2 bilhão em ICMS devido.

Os problemas rebateram nas ações preferenciais da Vale, que caíram 2,5% no primeiro trimestre, enquanto o Ibovespa subiu 4,8%.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.