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Opinião

Como a expropriação da YPF poderá beneficiar o Brasil

O Brasil não pode abrir mão da sua vantagem comparativa como produtor de biocombustíveis

ADRIANO PIRES
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Senado argentino aprovou o projeto de lei do Executivo que declara os recursos energéticos de utilidade pública e expropria 51% das ações da YPF, atualmente em poder da empresa espanhola Repsol.

Apesar de o maior interesse do Brasil seja ver seu vizinho com boas perspectivas de crescimento, de forma a valorizar a região como um todo, é inegável que o panorama institucional da Argentina cria oportunidades para o setor energético brasileiro.

A primeira oportunidade é a ocupação do espaço que venha a ser deixado pelas exportações argentinas por conta dos eventuais embargos que serão impostos ao país como retaliação pela nacionalização da YPF.

Um caso de particular interesse é o mercado europeu de biodiesel, principalmente o espanhol.

A Argentina é um dos grandes produtores de biodiesel do mundo -produziu cerca de 3 bilhões de litros do combustível em 2011, dos quais 1,6 bilhão foi exportado.

O destino dessas exportações é principalmente a Europa, com 87% do total, e em particular a própria Espanha, com 43%.

O Brasil produz atualmente 2,7 bilhões de litros de biodiesel, mas possui capacidade para produzir até 6 bilhões de litros, mais do que o suficiente para cobrir uma eventual saída da Argentina do mercado.

O Brasil não pode abrir mão da sua vantagem comparativa como produtor de biocombustíveis e a situação na Argentina pode ser usada para fazer do Brasil um grande exportador de biodiesel.

Outra oportunidade seria o governo brasileiro promover, ainda neste ano, uma nova licitação de blocos de petróleo. Isso atrairia esses investidores e mostraria que aqui temos uma regulação madura e que o país entende a necessidade de atrair capitais privados para desenvolver nossas reservas de petróleo e de gás natural.

Além dos dois mercados apontados acima, a grande oportunidade do Brasil diante da atitude equivocada da Argentina é mostrar que aqui é diferente.

É preciso se afastar do modelo dos países petropopulistas como Venezuela, Equador, Bolívia e Argentina.

Mostrar que o governo preza um ambiente para negócios estável e confiável, capaz de atrair os investimentos necessários para o desenvolvimento e o crescimento de forma a nos consolidarmos como país pronto para ingressar no rol das grandes potências econômicas mundiais.

ADRIANO PIRES é diretor do CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura).

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