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Análise Vale

Forma de pagar minério reduz o saldo da balança comercial

PEDRO GALDI
ESPECIAL PARA A FOLHA

COMO O EFEITO DA TROCA DE FORMA DE PAGAMENTO NÃO SE REPETIRÁ, O RESULTADO DA BALANÇA NO PRÓXIMO TRIMESTRE SERÁ MAIS EXPRESSIVO

O efeito da transição de preços de contrato para preço à vista na balança comercial brasileira fica claro pelos dados divulgados em janeiro, com forte queda das exportações e o consequente saldo final negativo.

Em fevereiro o efeito ocorre com menor intensidade, mas com saldo final positivo, e março voltará à normalidade. Com isso, o saldo da balança comercial brasileira no primeiro trimestre ficará menos expressivo.

Por outro lado, o efeito da transição de preços de contrato para preço à vista também não se repetirá, oferecendo a oportunidade de um resultado mais expressivo no próximo trimestre.

Já era de conhecimento de todos os investidores que a produção e vendas de minério de ferro e pelotas seriam afetadas pelo volume de chuva anormal que ocorreu em janeiro e que, além de impactar os volumes de vendas físicas, ainda traria impacto adicional nos custos de produção da empresa.

No entanto, nossa expectativa era que, decorrente dos elevados investimentos realizados nos últimos dois anos, poderia gerar ainda assim um volume de vendas físicas mais representativo, o que não se confirmou. Para ter uma ideia, o volume de vendas físicas do primeiro trimestre atingiu apenas 55 milhões de toneladas de minério de ferro, com queda de 2% sobre o registrado no mesmo período de 2011, e acabou sendo 21% menor do que a nossa projeção.

Outro ponto que trouxe surpresa em relação ao que havíamos projetado foi o preço médio praticado para o minério de ferro no primeiro trimestre, quando esperávamos a média de US$ 126 por tonelada. O obtido oficialmente foi de US$ 108, ou 14% abaixo do projetado.

Segundo a empresa, o motivo para a redução foi decorrente do momento de transição de boa parte do modelo de precificação para clientes da base em preços com contrato trimestral para o preço "spot". Como ocorreu muita volatilidade de preços no começo do ano para o minério de ferro, isso acabou contaminando o preço médio.

Dessa forma, com volumes de vendas físicas menores e preços igualmente inferiores, o que ocorreu foi a divulgação de vendas líquidas de R$ 20 bilhões no primeiro trimestre, ou seja, uma redução de 15% sobre o faturamento de igual período de 2011.

Como já citado, as fortes chuvas no início do ano acabaram gerando custos e despesas operacionais acima da média, o que explica a empresa ter reportado saldo em sua geração operacional de caixa, medido pelo Ebitda de apenas R$ 9 bilhões (menos 34% sobre nossa projeção).

Com isso, o lucro líquido reportado atingiu R$ 6,7 bilhões pelo critério BRGaap, que foi inferior tanto aos resultados reportados nos trimestres comparáveis como ao lucro projetado.

Os preços das ações da Vale já haviam apresentado queda na quarta-feira, com expectativas de resultado mais fraco, o que realmente confirmou-se.

No entanto, após a Vale ter realizado teleconferência com analistas, explicando que o resultado mais fraco foi decorrente de evento pontual e que as expectativas continuam muito positivas, o movimento dos preços foi de recuperação, inclusive colaborando para o Ibovespa voltar ao campo positivo.

Na apresentação da teleconferência, a Vale citou que os volumes de vendas físicas de seus produtos voltam à normalidade neste trimestre, inclusive surpreendendo com volumes maiores do que períodos comparáveis.

PEDRO GALDI é analista da corretora SLW.

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