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Entrevista Jorge Hereda

Bancos cortaram piso dos juros e mexeram só em nicho de cliente

Presidente da Caixa diz que corte nos juros dos concorrentes foi tímido e não pode ser comparado ao da instituição estatal

DE SÃO PAULO

Uma semana após o Banco do Brasil e a Caixa cortarem os juros, as instituições privadas anunciaram reduções em suas taxas. Mas essas baixas, na avaliação de Jorge Hereda, presidente da Caixa, foram tímidas, atingiram poucos clientes e nichos do mercado. "Não podem ser comparadas com as da Caixa. É muito diferente alguém anunciar que vai ter juro tal no cheque especial e outro anunciar que as taxas de todos caíram de mais de 8% para 4,2%. Ficou uma fumaça, parecia que todos os bancos fizeram o mesmo e ficou tudo numa mesma vala."

Folha - A Caixa também não priorizou determinados clientes com taxas menores?

Jorge Hereda - Essa coisa da gradação de juros é normal. Quem tem um relacionamento maior consegue mais. Confunde-se isso com os asteriscos que colocam [nas taxas] nas linhas miúdas. Para nós, que baixamos mesmo os juros, ficar confundindo com quem faz [corte] na casa decimal...

Como foram esses 15 dias?

Abrimos 110 mil contas. Crescemos 17% na contratação ante o mesmo período de 2011. Nosso capital de giro para empresas está dando o que falar com juros de 0,94%. Eram 2,72%. Em 15 dias, a carteira passou de R$ 300 milhões para R$ 800 milhões.

E se o lucro cair?

Os números dizem que a estratégia está dando resultado e que não vamos diminuir o lucro. Não vou dar a ousadia de dizerem que cortamos juros irresponsavelmente e que entregamos menos.

O BC esperava que essa concorrência chegasse com os bancos estrangeiros. Qual o papel dos bancos públicos?

É inegável a importância dos bancos públicos, mas me recuso a fazer essa discussão dizendo que a gente é meramente um instrumento e não tem visão de mercado. Em 2008, o contexto de crise fez a gente sair de uma participação de mercado de 6% e estar hoje em 13,2%. E vamos chegar a 14% no fim do ano.

Para manter esse ritmo, haverá aporte do governo?

Esse assunto já estava previsto antes disso tudo. Não temos o número, só a garantia de que vai haver aporte.

O PanAmericano vai cortar juros? O escândalo financeiro ainda causa mal-estar?

Essa redução vai chegar a todos. O PanAmericano está em fase de reestruturação. O caso está superado. Os procedimentos que a Caixa fez para essa aquisição foram de mercado, cuidadosos, demoraram mais de um ano. Fraude ninguém faz para ser descoberto.

Onde falta investir agora?

Atendimento. Vamos abrir mais de 500 agências e mil lotéricas neste ano. Estamos discutindo um plano de abrir 2.000 agências até 2015. Estamos revendo todos os processos: abertura de conta, tempo de fila etc.

Vocês terão segmentação, Caixa Prime ou Van Gogh?

A Caixa já tem segmentação, mas é no atendimento. Não precisamos separar. Cafezinho na Caixa é para todo mundo.

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