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Abrir negócio próprio não passa de sonho

Brasileiros que gostariam de ser seus próprios patrões passam de 70% a 60% em 11 anos; só 11% já realizaram meta

Funcionários públicos com estabilidade e salário mais alto são a parcela menos propensa a empreender

DE BRASÍLIA

A maioria dos assalariados, desempregados, estudantes e donas de casa declaram o desejo de ter seu próprio negócio, mas poucos se animam a pôr a ideia em prática -e o impulso perdeu intensidade nos últimos anos.

De acordo com o Datafolha, 60% dos brasileiros gostariam de ser seus próprios patrões. Em novembro de 2001, quando a economia do país enfrentava dificuldades, esse número chegava a 70%.

No período, a parcela dos que afirmaram já estar no comando de um empreendimento apenas oscilou dos 9% de antes para os de 11% agora, dentro da margem de erro, que, neste caso, é de dois pontos percentuais.

Essas perguntas foram feitas a 2.588 homens e mulheres de 161 municípios, a amostra total da pesquisa.

Os dados sinalizam que o menor interesse em iniciar um negócio está relacionado à crescente satisfação com a renda e a segurança no trabalho assalariado.

Entre funcionários do setor público, com salários superiores e mais estabilidade no cargo, a vontade é manifestada por 58%; entre os desempregados que ainda procuram vaga no mercado, o percentual chega a 83%.

NEGÓCIOS DIFÍCEIS

Já a discrepância entre falar e fazer não parece muito difícil de compreender em um país que é considerado um dos mais hostis do mundo ao empreendedorismo.

Em estudo divulgado no ano passado pelo Banco Mundial sobre a facilidade para abrir e conduzir negócios em 183 países, o Brasil ocupou o longínquo 126º lugar no ranking, entre a Bósnia e a Tanzânia.

Ao longo dos últimos anos, as fragilidades responsáveis pela má colocação do país mostraram progressos tímidos ou até retrocessos.

O dado mais evidente é o peso de impostos, contribuições sociais e taxas, que foram elevados desde a década passada e hoje consomem cerca de 35% da renda nacional -a maior carga entre as principais economias emergentes e concentrada na produção e no consumo.

A livre iniciativa nacional sofre ainda com elevada burocracia tanto para a abertura como para o fechamento de estabelecimentos.

(GUSTAVO PATU)

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