Análise Indústria Automobilística

Aumento da renda e crédito a custo menor tendem a equilibrar vendas

Os resultados das vendas e da produção da indústria automobilística em abril, inferiores ao mês anterior e a abril de 2011, contrapõem-se à ideia de mais um ano de crescimento e somam preocupações quanto ao desempenho do produto industrial.

Em relação às vendas, tudo indica que seja uma acomodação entre fabricante e concessionário, sinalizando tempos de atitudes menos impulsivas dos compradores.

Embora ainda existam traços da cultura do varejo que espera o cliente em vez de localizá-lo, o novo estímulo do crédito a menor custo -com a redução dos juros- e o aumento da renda -que deu poder de compra a parte da população das classes sociais mais baixas- tendem a repor as vendas em patamares superiores aos de 2011.

Quanto à produção, os sinais são de um ajuste de estoque decorrente do impacto gerado pelo conjunto de medidas dos últimos meses do ano passado, como maior seletividade de crédito.

A partir de uma ação comercial mais incisiva dos concessionários, os fabricantes devem, como consequência, retomar a produção dentro da expectativa de crescimento de 5% neste ano.

Por outro lado, lamenta-se que, no contexto de equilíbrio do destino da produção para fabricantes globais, não tenha ocorrido uma operação mais agressiva sobre os mercados externos.

Isso poderia ter sido feito por meio de estratégias de exportação mais independentes, sem uma rigorosa submissão às matrizes, e também por meio da celebração de o maior número possível de acordos automotivos do Brasil com outros países, fazendo valer sua força.

Em momentos como o atual, nos quais são feitas cobranças tendo como parâmetro a capacidade de produção instalada da indústria automobilística brasileira, é que se lamenta o país não ter seguido a trilha coreana, dispondo de uma montadora nacional que pudesse criar e consolidar oportunidades que as amarras além-mar de hoje não permitem às afiliadas que aqui operam.