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Finanças Pessoais

MARCIA DESSEN - marcia.dessen@bmibrasil.com.br

A rentabilidade mudou, mas a poupança continua a mesma

O governo divulgou, no dia 3 deste mês, a importante e corajosa mudança da regra de remuneração dos depósitos em poupança. O mercado e os investidores aceitaram a mudança com aparente tranquilidade porque o saldo preexistente foi preservado.

Sobre esse montante, a remuneração continua sendo TR (Taxa Referencial) mais juros de 0,5% ao mês, qualquer que seja a taxa básica de juros de mercado, a taxa Selic. E manteve todos os depósitos, antigos e novos, isentos do Imposto de Renda para pessoas físicas.

DEPÓSITOS NAS ANTIGAS

José tem uma poupança antiga cujo saldo, no dia 3/5/2012, era de R$ 30 mil. Sobre esse montante preexistente a regra anterior continua vigente e os juros de 0,5% ao mês, além da variação da TR, serão creditados.

José deposita R$ 250 todos os meses nessa conta. Sobre os novos depósitos, feitos a partir do dia 4/5/2012, vale a remuneração definida pela nova regra.

NOVAS CONTAS

Maria abriu uma poupança no dia 4 deste mês e terá direito à nova regra de remuneração. Ela será definida conforme o nível da taxa Selic vigente.

Quando a taxa Selic atingir nível igual ou inferior a 8,5% ao ano, esses depósitos terão direito à remuneração de 70% da taxa Selic mais a TR, que tende a zero nesse patamar de juros.

Quando a Selic for superior a 8,5% ao ano, os depósitos terão direito à remuneração antiga de 0,5% ao mês mais a TR. Veja exemplo no quadro nesta pág., à esquerda.

POUPANÇA COMPETITIVA

A rentabilidade proporcionada pelos depósitos em poupança continua isenta do IR. E não há custos incidentes sobre esse tipo de depósito.

A combinação desses fatores proporciona uma indiscutível vantagem da poupança em relação a alguns produtos de investimento.

A poupança nova, com remuneração de 70% da Selic, ganha dos fundos de investimento que cobram taxa de administração acima de 0,75% ao ano.

Ganha também das aplicações em CDB que pagam percentual igual ou inferior a 90% da taxa DI. Ganha da maioria dos planos de previdência complementar que cobram, dos pequenos investidores, taxa de carregamento além da taxa de administração. E ganha do Tesouro Direto nos casos em que as despesas superam 0,80% ao ano.

Observe no quadro nesta pág., à direita, a comparação da rentabilidade da poupança em relação aos demais produtos de investimento.

O cálculo considera as seguintes premissas: taxa Selic de 8,5%, TR igual a zero, prazo inferior a 180 dias e IR de 22,5%.

SELIC EM QUEDA

A competitividade da poupança aumenta à medida que a taxa de juros cai devido ao peso dos custos e do IR de outros investimentos.

Se a Selic cair para 7,5%, por exemplo, a nova poupança, que pagará 5,25% nesse cenário, ganha das operações em fundos de investimento e no Tesouro Direto com custos a partir de 0,68% ao ano. E ganha das aplicações em CDB que pagam menos de 90,5% da taxa DI.

O QUE FAZER

Se você tem dinheiro aplicado em fundos de investimento, em CDB e no Tesouro Direto, identifique seus custos atuais e negocie com sua instituição financeira condições mais favoráveis.

O movimento de redução das taxas de administração dos fundos de investimento, por exemplo, já começou. Alguns bancos estão reduzindo as taxas e os valores iniciais de aplicação exigidos.

Eles precisam fazer isso para manter a competitividade perante a poupança, que continua excelente mesmo depois da mudança.

Faça a sua parte e defenda seus interesses. Não tenha pressa: observe o movimento de queda dos custos e depois procure seu banco ou corretora para negociar.

MARCIA DESSEN, Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.

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