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Empresa prevê risco com anúncios, apps e processos

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

Quando o Facebook estrear hoje no pregão em Nova York, o investidor vai se deparar com ações de uma empresa que depende essencialmente de anunciantes para lucrar, mas espera perder parte deles ao focar suas forças nas plataformas móveis.

Aos oito anos, a rede social tampouco achou a fórmula para converter em dinheiro seus 901 milhões de usuários ativos, coleciona processos e depende quase exclusivamente de seu fundador, Mark Zuckerberg, para definir seu rumo em um cenário ultracompetitivo.

Riscos como esses e outros não estão só em análises de consultorias nem no ceticismo da concorrência: o próprio Facebook afirma que pode ser "prejudicado significativamente" por eles.

"Nosso negócio está sujeito a inúmeros riscos, e é preciso levá-los em conta cuidadosamente antes de decidir investir", escreve a empresa no documento de registro na SEC, a reguladora americana.

A julgar pelo furor em torno do lançamento, o público parece dar de ombros.

"Essa oferta se tornou tão viral quanto o Facebook em si", disse à Folha Max Wolff, economista-chefe da Greencrest Capital, consultoria focada em internet.

"As ações do Facebook estão sendo vistas como algo que todo mundo tem que ter, como uma página na rede social", afirma. "Isso não condiz com uma avaliação mais rigorosa de mercado."

O paradoxo não surgiu do nada. A revista especializada "Wired" lembra que o site levou oito anos para obter usuários que toda a internet acumulou em 30 anos.

Mas sua perspectiva de crescimento é uma incógnita até para especialistas.

"A questão é se o Facebook pode aumentar sua receita e seu lucro tão rápido quanto aumentou sua oferta pública inicial", afirma Wolff.

Em 2011, foram, respectivamente, US$ 3,7 bilhões (R$ 7,2 bilhões) e US$ 1 bilhão.

Para o analista, a abertura de capital e seus números superlativos -428 milhões de ações à venda e o valor de mercado da empresa catapultado a US$ 105 bilhões (R$ 210 bilhões)- dizem mais sobre o "fenômeno cultural e de mídia" do que sobre o mercado.

O próprio Facebook enfatizou na apresentação à SEC que concentra a receita em duas fontes, anunciantes e aplicativos, sendo que na primeira está 83% de seu ganho.

Ambas são muito vulneráveis ao humor do mercado e a mudanças na própria plataforma e em suas rivais.

"Se não continuarmos a introduzir novos aplicativos ou se os novos não gerarem tanto interesse, nossa performance pode ser afetada", escreve a empresa, notando sua dependência da desenvolvedora de jogos Zynga.

Wolff considera que o teste do sucesso do IPO virá em 190 dias, quando sair o resultado do segundo trimestre.

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