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Balanço da Caixa pode ter nova 'limpeza'

Estratégia ajudará banco a se livrar de créditos comprados de instituições menores e que apresentem risco de calote

Proposta também permitirá que o banco exclua da contabilidade operações feitas no auge da crise financeira

SHEILA D’AMORIM
DE BRASÍLIA

A ideia em discussão no governo de fazer uma nova rodada de limpeza do balanço da Caixa Econômica Federal poderá ajudar o banco oficial a se livrar de créditos adquiridos de bancos menores durante a crise de 2008 e 2009 e que, agora, apresentem riscos de calote.

Ainda em fase preliminar, a proposta também abre espaço para o banco fazer desaparecer da sua contabilidade operações feitas no auge da crise internacional, quando ampliou a concessão de crédito para ajudar a economia a sair da recessão.

Fontes do governo não descartam que, dependendo da evolução da negociação, até parte da carteira do PanAmericano, adquirido pela Caixa, seja incluída no pacote.

Ao contrário do que foi feito em 2001, quando a Emgea (Empresa Gestora de Ativos) foi criada pelo governo para absorver os calotes de bancos oficiais, desta vez o debate envolve a transferência não apenas de créditos imobiliários mas também outros destinados ao consumo, como de automóveis e outros bens.

Segundo a Folha apurou com interlocutores da área econômica, essa inovação pesa contra a ideia. O Tesouro Nacional resiste a aprovar uma nova operação com a Emgea, em parte por conta da diversidade de créditos que hoje estão envolvidos.

A avaliação é que, há 11 anos, quase todos os contratos que foram negociados eram referentes a financiamentos antigos, concedidos pelas regras do SFH.

Só uma pequena parte era da área de saneamento e de outros tipos de dívidas e, ainda assim, o foco não era crédito de consumo.

Muitos dos contratos habitacionais tinham o benefício da cobertura do FCVS, fundo criado pelo governo para assumir o saldo devedor remanescente dos contratos quando eles chegavam ao final.

DISTORÇÃO

Nas palavras de um interlocutor da equipe econômica, na época havia "uma grande distorção" no mercado que foi corrigida com a criação da Emgea.

A empresa assumiu 1,1 milhão de contratos. Com o tempo, ganhou experiência no mercado de renegociação de dívidas e já resolveu quase toda a carteira original. Por isso, passou a conversar com vários órgãos públicos para adquirir mais contratos.

A lista inclui não só a Caixa mas também o Banco do Brasil e até o BNDES, que não fez parte da transferência de créditos de 2001. Oficialmente, a Caixa e o BB negam que estejam tratando do assunto.

A Emgea confirma que trata desse tema não só com essas instituições mas várias outras empresas públicas. Enfatiza, porém, que não há nenhuma definição e que tudo ainda é muito incipiente.

Interlocutores da equipe econômica também admitem que a proposta está sendo avaliada e envolve as instituições financeiras oficiais. Mas destacam que "há muitas resistências" e que o tema ainda não foi para avaliação do ministro da Fazenda.

No caso da Caixa, a discussão ganhou relevância pela necessidade de capitalização do banco para continuar emprestando a ritmo acelerado. O BB não tem esse problema. Durante a discussão técnica foi colocado até que o banco já tem uma empresa de recuperação de créditos, mas avaliou-se que a Emgea tem mais experiência.

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