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Commodities

Soja em alta provoca corrida aos portos

Produtores querem aproveitar o momento de bons preços do grão no mercado internacional e de elevação do dólar

Exportação do produto cresceu 70% no porto de Santos (SP) em relação ao primeiro trimestre de 2011

Heuler Andrey - 9.mai.2012/UOL
Fila de navios no porto de Paranaguá (PR)
Fila de navios no porto de Paranaguá (PR)

ESTELITA HASS CARAZZAI
DE CURITIBA

Motivados pelos bons preços da soja no mercado internacional e pela alta na cotação do dólar, produtores rurais brasileiros estão provocando uma "corrida" aos principais portos do país para garantir a exportação do grão a boas cotações.

Apesar de maio já ser um mês movimentado, por coincidir com a colheita da soja, os volumes de exportação do grão neste ano surpreendem.

Em Paranaguá (PR), 53 navios estão aguardando atracação, sendo 26 graneleiros -número acima do normal para a época.

O tempo de espera para embarque pode chegar a 30 dias, segundo o superintendente da Appa (Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina), Luiz Henrique Dividino.

Já o porto de Santos registrou movimento 70% maior nas exportações de soja do que no primeiro trimestre do ano passado -mesmo percentual do porto de São Francisco do Sul (SC).

A perspectiva é que os embarques continuem aumentando pelo menos até julho.

"Neste momento, toda a circunstância comercial é favorável e os produtores e tradings estão buscando resultados. Então, há uma corrida", afirma Dividino.

ACELERADO

O boom das exportações tem ocorrido desde o início do ano. Os grandes importadores mundiais de soja, preocupados em abastecer seu mercado -especialmente a China-, fecharam contratos mais cedo devido à possibilidade de quebra da safra na América do Sul, por causa da estiagem do último verão.

O ritmo das exportações vem crescendo desde então, assim como as cotações, uma vez que a oferta diminuiu. A quebra da safra sul-americana se confirmou, e os Estados Unidos, com a maior produção mundial, anunciaram redução na área plantada.

No início do mês, o preço da soja atingiu a segunda maior cotação da história na Bolsa de Chicago -e o dólar, a maior dos últimos três anos no Brasil.

"Sempre quando se chega a esses níveis muito altos há aquela expectativa de correção", diz a analista Daniele Siqueira, da AgRural.

"Qual é o exportador que vai esperar? Se ele esperar, o preço pode desabar, porque o mercado está volátil. Ele quer é mandar [a soja] para fora", afirma Dividino.

Além das boas cotações, as exportações também estão sendo impulsionadas pela perspectiva de uma grande safra de milho a partir de junho -ou seja, é preciso esvaziar os armazéns o mais rápido possível.

IMPORTAÇÃO

Curiosamente, a corrida pela exportação pode forçar as indústrias de processamento a importarem o grão no final do ano.

Algumas cooperativas produtoras de óleo de soja que estão com os estoques muito baixos já consideram a possibilidade.

"Para o produtor, hoje é mais vantajoso exportar, porque o preço está bom", afirma Flávio Turra, gerente técnico da Ocepar (Organização das Cooperativas do Paraná).

Ainda assim, Turra estima que a importação será residual, já que o Centro-Oeste colhe uma boa safra e pode repor os estoques da região Sul.

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