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Cifras & Letras crítica EMERGENTES Inovação dos Brics é caminho para reescrever o capitalismo Economistas contam em livro histórias de sucesso dos países do bloco
DE SÃO PAULO As adaptações necessárias para o sucesso empresarial nos Brics e o crescimento econômico dos países fundadores do bloco (Brasil, Rússia, Índia e China) reescreverão as regras do capitalismo. As principais mudanças, já em curso, representarão uma virada estrutural na organização do mundo, de acordo com Christopher Meyer e Julia Kirby, autores de "Standing on the Sun" (Harvard Business Review Press). O livro, cujo nome faz referência a ver a realidade sob nova perspectiva, tenta antecipar a análise que se fará da economia daqui a alguns anos. A crise iniciada no fim de 2008, por exemplo, seria vista como um estímulo para a adoção, nos países desenvolvidos, de práticas já utilizadas nos Brics. "O impacto das economias emergentes vai além do que está sendo discutido por todos. (...) O capitalismo vai crescer para algo novo", argumentam os autores. Um dos exemplos de transformação do capitalismo no futuro, citado na obra, é a perda de importância do conceito de competição. O coração do novo sistema econômico será a inovação. Diferentemente do que se pode esperar de um livro de economistas, ao citarem casos inovadores, Meyer e Kirby não destacam numeralhas ou centros de desenvolvimento de novas tecnologias. Para reforçar os argumentos da tese, eles contam histórias de empresários bem-sucedidos que conheceram em viagens por Brasil, Rússia, Índia e China. O leitor, entretanto, pode sentir falta de uma visão mais crítica em relação a essas iniciativas de sucesso. Na Índia, é destacada a criação de um serviço de telefone para que a população chame ambulâncias quando alguém está com grave problema de saúde. Para a compra da frota, a empresária indiana Sweta Mangal afirma ter recebido doações, mas não fica claro quem participou do projeto e qual foi o investimento necessário para a viabilidade dele. A principal característica do empresariado brasileiro destacada no livro é o financiamento de ações voltadas para a educação. Os autores elogiam bastante as iniciativas de Embraer e Natura, que, segundo eles, "têm o objetivo de prover o capital humano necessário para o crescimento do país". DIAGNÓSTICO Os autores também relacionam a ascensão dos Brics à percepção de fracasso do Consenso de Washington. O conjunto de medidas macroeconômicas que deveria ser necessariamente adotado com esse acordo, de 1989, engessava o orçamento dos países em desenvolvimento, segundo os economistas. Ao perceberem que essas regras não representavam o único caminho para o desenvolvimento, os governos dos emergentes concentraram atenções em necessidades locais, com resultados muito melhores que os anteriores. O caráter inovador da obra -que valoriza a importância dos baixos investimentos de jovens empreendedores dos Brics para que o futuro do capitalismo seja escrito de outro modo- é refletido na interatividade, já que os autores se dispõem a dialogar com os leitores via Twitter. Por enquanto, ainda não há previsão de publicação do livro em português. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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