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Análise / Pecuária

Em vez de beleza, agora pecuarista quer melhorar genética

CARACTERÍSTICAS LIGADAS À PRODUÇÃO EM ESCALA, COM MENOR TEMPO, BAIXO CUSTO E MÁXIMO RETORNO ECONÔMICO SÃO ATRIBUTOS FUNDAMENTAIS

PAULO DE CASTRO MARQUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Há 78 anos, quando um grupo de pecuaristas resolveu unir seus esforços para criar a primeira exposição agropecuária e industrial do Triângulo Mineiro, muitos talvez não tivessem ideia do feito que acabavam de realizar.

Hoje, passadas quase oito décadas, a Expozebu se transformou no maior evento mundial especializado em raças zebuínas no mundo.

A busca pelo conhecimento e o pioneirismo abriu portas para que mais tarde outros embarcassem na grande odisseia de trazer para o Brasil genética animal de alta qualidade de diferentes partes do mundo.

É o caso do nelore, sem dúvida, mas também do gir, do brahman, do simental, do angus e de tantas outras raças que contribuem para fazer da pecuária uma das atividades mais importantes do agronegócio nacional.

Essa atividade é responsável pela oferta anual de quase 10 milhões de toneladas de carne e US$ 5,3 bilhões em exportações.

O fato é que, a partir de um movimento de valorização da genética bovina -realizado nos últimos 50 anos-, o Brasil deixou para trás a pecuária amadora, gado mestiço e de baixíssima produtividade, para dar lugar à era da atividade profissional, que se transforma a cada dia, sempre respaldada pela tecnologia na busca constante pela eficiência produtiva e reprodutiva.

Desde então, a máxima de que primeiro é preciso conhecer para depois transformar é levada a sério na pecuária de corte.

Essa constatação está nas pistas de julgamentos da Expozebu, da Feicorte, da Expointer e de tantas outras exposições importantes, que comprovam que a pecuária é um segmento dinâmico e os conceitos evoluem na razão proporcional das necessidades da indústria da carne e do gosto do consumidor.

A preocupação com a beleza racial do passado deu lugar ao conceito de genética aditiva, no qual características ligadas à produção em escala, com menor tempo, baixo custo e máximo retorno econômico são atributos fundamentais.

Os especialistas são unânimes na argumentação de que é importante o animal de linhas profundas, carcaça bem distribuída e harmônica, e tudo isso se resume em maior funcionalidade e capacidade de produzir carne.

Nesse processo desafiador, a evolução da qualidade da produção animal é o resultado de todo o conhecimento por meio do diálogo constante entre os vários elos da cadeia, em que os produtores buscam o que o mercado e o consumidor final exigem.

A contribuição das mostras de gado é acompanhada atentamente pelos visitantes internacionais, cada vez mais interessados na genética produzida aqui, sob condições tropicais, com a marca das nossas características, como adaptação ao clima tropical sem esquecer a eficiência, a fertilidade, a precocidade, o ganho rápido de peso e as carcaças uniformes.

Se podemos falar em novos desafios a serem vencidos na pecuária, todos esses indicadores sem dúvida entram na lista.

E o Brasil está indo muito bem, obrigado.

PAULO DE CASTRO MARQUES, empresário e pecuarista, é proprietário da Casa Branca Agropastoril e presidente da Associação Brasileira de Angus.

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