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Aumento de custos derruba lucro de grandes empresas

Mão de obra e insumos pesam, e ganhos recuam 17% no 1º trimestre, diz estudo

Com fraca demanda externa, concorrência de importados e freio na economia, empresas não conseguem elevar preço

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O aumento de custos, principalmente de mão de obra e de insumos, corroeu o lucro das principais empresas brasileiras com ações negociadas em Bolsa.

Com a fraca demanda externa, a concorrência de importados e a freada da economia brasileira, as empresas não conseguiram repassar integralmente o aumento de gastos para os preços.

Levantamento feito a pedido da Folha por Michael Viriato, professor de finanças do Insper, mostra queda de 17% no lucro líquido do primeiro trimestre de 57 empresas do Ibovespa -principal índice da Bolsa- ante o mesmo período de 2011.

A origem do problema, segundo especialistas, está na área operacional, o coração das empresas.

A receita média subiu 10% em comparação com o primeiro trimestre do ano passado. Mas, considerando a inflação de 5% dos 12 meses encerrados em março, segundo o IPCA, o aumento real das vendas foi de somente 5% -inferior à alta dos custos na maioria das empresas.

"A inflação foi muito mais representativa na parte de custos do que para a receita, o que levou as empresas a uma piora no desempenho operacional", afirma Viriato.

"Crescimento de receita e queda no lucro só ocorrem quando o aumento de despesa está acima da média", diz Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec-RJ.

Outro indicador comprova a teoria. O Lajir -lucro antes de juros e IR-, que exclui influências do aumento de dívida ou do pagamento de impostos sobre o resultado final, também caiu 17%.

"Isso mostra que os efeitos do câmbio sobre o passivo ou o grau de endividamento não foram representativos para o resultado final", diz Viriato.

BOM DESEMPENHO

Finalizada na semana passada, a temporada de divulgação de balanços também mostrou melhora em alguns números. Mas foram poucos os setores com alta no lucro.

Só telecomunicações, software e dados e alimentos e bebidas tiveram desempenho positivo, além de empresas de saneamento e fumo, incluídas na categoria "outros".

São, em geral, setores menos afetados por mudanças no cenário econômico, por estarem ligados a serviços essenciais e a produtos de baixo valor unitário, como carne de frango e cervejas.

Também são segmentos menos intensivos em mão de obra, uma das principais razões para a alta no custo. É o caso de telecomunicações e de software e dados, composto pelas credenciadoras de cartão Cielo e Redecard.

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