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Plano do Incra levou primeiros colonos no final dos anos 70

Vindos do Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina, eles tiveram facilidades para a compra de lotes de terra

Na época, 200 hectares custavam o equivalente a R$ 30 mil; hoje, esse mesmo lote em atividade vale R$ 6 mi

DO ENVIADO A MATO GROSSO

A história de ocupação do médio norte-mato-grossense remonta ao final dos anos 1970, quando os primeiros colonos vindos do Sul -Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina- desembarcaram na região.

Eles foram para lá encorajados por um plano de assentamento do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) que lhes facilitava a aquisição de lotes de terra e financiamento.

Na época, 200 hectares de terra virgem eram comprados por um valor atualizado de R$ 30 mil; hoje, esse mesmo lote em plena atividade vale R$ 6 milhões.

Não havia energia elétrica, as estradas eram de terra e chegar a Cuiabá levava uma semana.

"Nos finais de semana a gente esfriava a cerveja com ureia (tipo de adubo)", lembra Ildo Romancini, ex-militante que participou de uma das primeiras mobilizações de sem-terra do país, a Encruzilhada Natalino, no Rio Grande do Sul.

Romancini chegou no começo dos anos 1980. Hoje, tem mais de 500 hectares e é sócio do principal supermercado da cidade.

AMANTES DE PIPINO

O processo de ocupação resultou na criação de dezenas de municípios, muitos deles com nomes femininos como Cláudia, Vera ou Santa Carmem -corre o boato de que se tratavam das amantes de um mesmo colono, o paulista Ênio Pipino.

Foi desmatada aproximadamente 80% da área. Não por acaso utilizou-se muito fertilizante. O solo da região, situada em zona de transição entre o cerrado e a floresta amazônica, não é rico.

O que viabilizou sua utilização foram os estudos da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e universidades públicas. E, sobretudo, o clima com as estações do ano definidas.

"A tropicalização da soja e de outros grãos é um processo inteiramente concebido por instituições brasileiras", afirma João Flávio Veloso Silva, gestor da unidade da Embrapa que acaba de ser inaugurada em Sinop, orçada em R$ 30 milhões e com 42 pesquisadores.

O crescimento da produção muito acima dos níveis da área plantada é outra conquista técnica enaltecida por Silva (veja gráfico ao lado).

Hoje, 90% da soja é transgênica. Para Silva, entre a soja transgênica e a convencional, "não existe o bom e o ruim. É preciso gerar tecnologia para ambas".

Os europeus preferem a soja convencional, mas os chineses gostam da transgênica. Os custos de produção são semelhantes. No caso dos transgênicos, o produtor paga royalties pela semente desenvolvida e pelos defensivos agrícolas, o que é tema de acalorado debate.

(MK)

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