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Seca no Sul e crise mundial derrubam PIB do agronegócio

Setor registrou queda de 8,5% no primeiro trimestre deste ano em comparação ao mesmo período de 2011

Para pesquisador do Cepea, cenário de queda do PIB em 2012 pode não se restringir apenas ao primeiro trimestre

MAURO ZAFALON
COLUNISTA DA FOLHA

O agronegócio, que sustentou a economia brasileira nos últimos anos, começa a perceber internamente os efeitos das incertezas econômicas mundiais.

O Produto Interno Bruto (PIB) agropecuário do primeiro trimestre deste ano caiu 8,5% em relação a igual período de 2011 e desacelerou 7,3% em comparação ao quarto trimestre de 2011.

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que registrou a maior queda nesse período do ano desde a mudança de sistema de avaliação do PIB.

Um dos principais motivos dessa queda foi a redução de produção agropecuária, principalmente no setor de grãos, provocada pela forte estiagem no Sul do país.

Devido à seca, dois dos principais produtos da agricultura brasileira do Sul -soja e arroz- tiveram fortes quedas na produção. O mesmo ocorreu com as lavouras de fumo.

A produção de milho e algodão ficou abaixo do que se previa, com o agravante de que os preços recuaram em relação aos de há um ano.

Prevista em 75 milhões de toneladas, a safra nacional de soja deverá ficar próxima de 65 milhões, segundo as estimativas mais recentes.

A demanda por carnes, por exemplo, aquecida devido à procura interna, começa a perder força. No setor de suínos, apesar do bloqueio russo às exportações brasileiras, o setor cresceu devido à demanda interna em 2011.

Neste trimestre, as vendas externas começaram a reagir, mas a procura interna está fraca, derrubando os preços.

Esse cenário do PIB agropecuário pode não se restringir apenas ao primeiro trimestre. Lucilio Alves, pesquisador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), diz que o desempenho agropecuário deste ano deverá ser mais fraco do que o de 2011.

Além de oferta menor de produto, poderá haver renda menor devido à retração nos preços. O algodão, após dois anos bons, registra forte queda. O mesmo ocorre com o milho e o café, que também deverão ter preços menores.

Alves diz que é difícil uma previsão nesse setor, mas que o cenário não deve ser melhor do que o do ano passado, mesmo com a alta do dólar. Ela eleva as receitas em reais, mas, de outro lado, aumenta os custos dos produtores.

Na avaliação dos pesquisadores do Cepea, há projeção de pequena queda na produção das lavouras, que pode ser de 1%, e baixa mais forte na pecuária, em torno de 3%.

Além do recuo da produção, os produtores perdem preço em várias culturas, que terão comportamento médio negativo em relação aos valores praticados em 2011.

Os mercados interno e externo deverão seguir fracos, com o crescimento brasileiro ficando próximo de 2,5%.

Até a China deverá terminar o ano com retração no seu padrão de crescimento, provocando, inclusive, perdas também em outros países.

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