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Fiesp defende ampliar ajuda à Argentina

Superavit brasileiro no comércio com país vizinho tem de diminuir, afirma representante da indústria paulista

'China tem deficit com países próximos porque pensa a longo prazo', diz subdiretor da área internacional da Fiesp

CLAUDIA ANTUNES
DO RIO

Representantes da indústria defenderam que o Brasil reduza o superavit comercial com a Argentina, para preservar a relação entre os dois países e o Mercosul -que compra 26% das exportações nacionais de manufaturados.

"Precisamos de mais Mercosul e não de menos. Temos de ajudar a Argentina", disse Thomaz Zanotto, diretor-adjunto do Departamento de Relações Internacionais da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).

Zanotto disse que a Argentina, que tomou medidas para conter a saída de dólares, precisa fazer superavit comercial anual de US$ 10 bilhões para fechar seu balanço de pagamentos.

Com o Brasil, o vizinho teve em 2011 deficit superior a US$ 5 bilhões. "Temos de fechar esse deficit", disse Zanotto, em seminário do Centro Brasileiro de Relações Internacionais no Rio.

Ele afirmou que uma política com esse objetivo já foi sugerida pelo presidente da Fiesp, Paulo Skaf -a de que estaleiros argentinos possam fornecer para a Petrobras como se fossem brasileiros.

'CHINA NÃO É BOAZINHA'

Zanotto citou a China, que tem deficit comercial com os vizinhos, ao contrário do Brasil, e faz superavit em outras regiões. "Não é porque a China é boazinha, mas porque pensa a longo prazo."

Antonio Sérgio Martins Mello, da Fiat Brasil, criticou a política de licenciamento não automático da Argentina, que retém exportações brasileiras. Mas ressaltou que há interesse mútuo em resolver a questão, já que 12 indústrias automobilísticas atuam nos dois países. O setor responde por 46% da corrente de comércio bilateral.

"A Anfavea (associação de fabricantes de veículos) quer uma solução estrutural, de médio e longo prazo", disse.

Tanto Zanotto como Mello apoiaram a ampliação da integração sul-americana, dado o dinamismo de mercados como o colombiano e o peruano. "A região será exportadora líquida de água e energia, uma espécie de Opep de commodities", disse ele.

Numa inversão de papeis -já que as maiores críticas à Argentina tradicionalmente vêm da indústria, e não do governo-, o representante do Itamaraty, Bruno Bath, mostrou-se pessimista sobre a reunião com autoridades argentinas sobre comércio prevista para amanhã.

Bath afirmou que falta previsibilidade às políticas do país vizinho e que isso põe em risco a institucionalidade do Mercosul.

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