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Petrobras perde mais valor do que rivais Com congelamento de preço interno, investidores punem ações da estatal, que recuam 26% em dólares no ano Presidente da empresa afirma que queda do petróleo já reduz a defasagem entre preços internos e externos DENISE LUNADO RIO TONI SCIARRETTA ÁLVARO FAGUNDES DE SÃO PAULO Quinta maior petroleira do mundo, a brasileira Petrobras foi a mais punida pelos investidores globais nos últimos meses com a piora nos mercados, que derrubou os preços do petróleo. Desde abril, os papéis recuaram 26,3% em dólar, a maior perda entre as gigantes do setor, refletindo o mau humor com o congelamento de preços dos seus principais produtos, gasolina e diesel, situação agravada pela alta da moeda dos EUA e pelo recuo do preço do petróleo. Na Exxon, a queda foi de 10,5%, na BP, de 18%, e na PetroChina, 11%. Ao contrário das outras gigantes, as ações da Petrobras deixaram de acompanhar de perto as cotações do petróleo. Para comprar um barril hoje, são necessários cinco papéis da estatal brasileira. À época da capitalização, no fim de setembro de 2010, eram necessários 2,5. Em 2007, a relação era de 1,5 ação para um barril. Segundo o CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), só neste ano a estatal já deixou de ganhar US$ 6,1 bilhões por não alinhar seus preços ao mercado internacional, que estão defasados em 28% no caso do diesel e em 26,5% no da gasolina. IMPORTAÇÃO A Petrobras tem sido obrigada a importar gasolina e diesel para atender o mercado interno devido ao grande aumento da demanda. Sem poder repassar os preços, os resultados da companhia têm decepcionado o mercado. A presidente da Petrobras, Graça Foster, reconheceu o problema da defasagem, mas disse ontem que a queda do petróleo pode fazer, em curto prazo, o preço interno se alinhar ao internacional. "Sobre a defasagem, está havendo uma redução do preço do barril do petróleo. Como existe uma volatilidade muito grande, por muito pouco a gente volta a ter o combustível aqui com paridade ao do preço internacional." No ano, o petróleo acumula queda de 8,3% em Londres, onde o barril está cotado a US$ 98,43, e de 14,7% em Nova York (US$ 84,29). LONGO PRAZO A Petrobras tem adotado política de longo prazo para ajustes dos combustíveis. O diretor financeiro, Almir Barbassa, tem apresentado ao Conselho de Administração da empresa que o cenário ainda é "confortável". Para o sócio e economista-chefe da Órama, Álvaro Bandeira, é preciso ter sangue-frio para comprar Petrobras. Os grandes investidores, diante da crise econômica global, têm demonstrado aversão ao risco e preferem as rivais estrangeiras, que, diferentemente da brasileira, repassam imediatamente ao consumidor os aumentos e as quedas de preços. "As ações não têm tido bom desempenho porque são usadas de alguma forma como instrumento para segurar a pressão inflacionária." Para o consultor David Zylbersztajn, quem perde com a falta de repasse de preços da Petrobras é a própria sociedade brasileira, já que com resultados mais fracos a empresa recolhe menos impostos e investe menos. "A Petrobras é a única petroleira que, quanto mais vende gasolina, mais prejuízo tem", diz o consultor Adriano Pires, diretor do CBIE. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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