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Dividendo é aposta em tempos de Bolsa fraca

Empresa paga rendimento periódico a partir do lucro aos detentores de ações

Companhias de energia e telecomunicações costumam remunerar melhor; especialistas alertam para riscos

MARIA PAULA AUTRAN
DE SÃO PAULO

Com cenário de Bolsa em queda e redução de juros -o governo cortou a taxa básica para 8,5% ao ano-, papéis de empresas que pagam dividendos altos chamam mais a atenção dos investidores.

Em 2012, o índice de dividendos da BM&FBovespa acumula alta de 9%. O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuperou-se um pouco na semana passada e subiu 1,9%, mas ainda registra queda de 4,1% no ano.

Segundo analistas ouvidos pela Folha, no cenário atual de Bolsa e juros em baixa, esses papéis podem ser uma boa opção para o investidor.

Isso porque, além de as ações dessas empresas serem, em geral, consideradas mais defensivas (menos suscetíveis às variações do mercado), oferecem rendimento periódico, o dividendo.

"Não é só em períodos ruins que esses papéis são atraentes, mas hoje ficaram mais interessantes por causa do concorrente mais óbvio dos dividendos, a Selic", diz Mauro Ferman, gestor de renda variável Santander.

A taxa de juros é referência para remuneração de investimentos de renda fixa.

ENTENDA

O dividendo funciona assim: a empresa decide quanto de seu lucro vai distribuir entre os acionistas e divide o valor pelo número de ações.

Dessa forma, o acionista recebe periodicamente determinado valor para cada ação que tem. Para comparar dividendos entre empresas, usa-se o "dividend yield", que é o percentual resultante do valor do dividendo sobre o preço que foi pago pela ação.

As boas pagadoras "são empresas com menos endividamento, necessidade menor de investimento, que geram muito caixa e conseguem distribuir lucro", diz Ferman.

Setores como o de energia elétrica e o de telecomunicações são os que costumam pagar melhores dividendos.

Mas, segundo os analistas, para escolher uma ação de uma boa pagadora de dividendos, não basta olhar o valor deles. É preciso avaliar o histórico de pagamentos, o "dividend yield" e o potencial de valorização do papel.

"Aquilo que você ganha no dividendo pode perder no capital. É como em um imóvel: você tem a renda do aluguel, mas, se o imóvel começa a cair de preço, o retorno total cai", diz César Caselani, professor da escola de administração de empresas da FGV.

Mesmo não havendo imposto sobre os dividendos recebidos, o ideal é que investimento seja de longo prazo.

"Tem que ser com um mínimo de quatro, cinco anos. Para quem quer pensar na aposentadoria, montar uma carteira, mesmo com a Bolsa fraca, é interessante, vai formando poupança", diz Pedro Galdi, da SLW Corretora.

RISCOS

Embora algumas empresas paguem dividendos maiores que o rendimento da poupança, especialistas alertam para riscos. "Acho um pouco temerário [trocar poupança por dividendos], pois é mercado acionário", diz Caselani.

Para Lucas Tambellini, estrategista de pessoa física do Itaú BBA, além da volatilidade do mercado de ações, a empresa não é obrigada a manter o pagamento de dividendos, embora isso seja raro.

"Você não tem certeza de que vai receber esses dividendos. Essa projeção pode ser maior, menor, não dá para saber o valor exatamente."

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