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Análise Safras

Estoques de soja dos EUA são baixos, e o mercado adora isso

FERNANDO MURARO JR.
ESPECIAL PARA A FOLHA

A primavera americana caminha para o seu final, marcada por termômetros acima da média e chuvas bem distribuídas até meados de maio e esparsas desde então. Isso permitiu que o plantio de soja fosse feito rapidamente.

Agora, com a semeadura encerrada e grande parte das lavouras em desenvolvimento vegetativo, o mercado passa a ser comandado pelos mapas climáticos. Começa, assim, o imprevisível e nervoso mercado futuro da chuva.

A semana passada já trouxe uma amostra desse nervosismo. Os contratos com vencimento em março de 2013, que servem de referência para os negócios antecipados da próxima safra brasileira, tiveram alta de US$ 0,60 por bushel (27,2 kg), ou 4,8%.

A volatilidade característica do verão do hemisfério Norte deve ser ainda maior em 2012 por conta da quebra de mais de 25 milhões de toneladas na safra da América do Sul, que empurrou os importadores para os portos americanos.

Só a China, maior importador mundial, já encomendou 8,4 milhões de toneladas da soja que os EUA irão embarcar a partir de setembro, ante 6 milhões há um ano. Ou seja: já há demanda forte pela nova safra sem ainda haver safra. Tensão no ar.

A novela climática ganha contornos ainda mais dramáticos quando os estoques dos EUA entram em cena. Eles são mínimos, já que na safra passada os EUA colheram três sacas a menos do que esperavam por hectare. Sem estoques, o cobertor é curto e deixa espaço para todo tipo de projeção de preço.

No início de maio, o Usda divulgou seu primeiro quadro de oferta e demanda de soja para a temporada 2012/13 dos EUA, com produção de 87,2 milhões de toneladas, consumo de 89,4 milhões e estoques finais de apenas 3,9 milhões de toneladas, um dos mais baixos da história. E isso se o clima colaborar, já que a base dessas projeções é uma produtividade de 49,2 sacas por hectare, a segunda melhor já obtida no país.

É importante mencionar, contudo, que é praticamente certo o incremento na área plantada com soja na safra 2012/13. No final de março, o Usda projetou intenção de plantio de 29,9 milhões de hectares, abaixo dos 30,3 milhões de 2011/12.

O mercado, porém, trabalha com número maior, entre 30,5 milhões e 31 milhões de hectares, já que a soja parece ter conquistado espaço extra do algodão e do milho, cujos preços caíram muito nos últimos 60 dias.

Entretanto, mesmo com incremento de área, se a produtividade ficar apenas duas sacas por hectare abaixo da projeção do Usda, o cenário ficará simplesmente explosivo, com os estoques recuando para 2,1 milhões de toneladas. Muito pouco. Muito risco. E o mercado adora isso.

FERNANDO MURARO JR. é engenheiro-agrônomo e analista de mercado da AgRural Commodities Agrícolas.

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