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Europeus investem 42% menos no Brasil

Aporte de US$ 8,4 bi de janeiro a abril, porém, é o 2º maior nos últimos dez anos, indicando confiança no país

Envio de dinheiro de lucros e dividendos para as matrizes recua 34% devido a câmbio e margem menor de lucro

ÁLVARO FAGUNDES
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Com a piora da economia europeia, as empresas do Velho Continente frearam o ritmo de investimentos de longo prazo feitos no Brasil.

Os empresários da zona do euro trouxeram ao país entre janeiro e abril US$ 8,4 bilhões -42% menos do que no mesmo período de 2011, ano considerado excepcional para o investimento estrangeiro.

Apesar do recuo, os recursos trazidos pelos europeus são os segundos mais altos em dez anos, demonstrando a confiança no país.

No ano passado, o Brasil foi o terceiro principal destino dos investimentos diretos da UE, atrás somente dos EUA e da Suíça, abocanhando 9% do montante aplicado fora do bloco (excetuando paraísos fiscais), segundo dados divulgados nesta semana.

O Brasil é o quinto país que mais recebe investimentos e deve se tornar o quarto até 2013, segundo a ONU.

Para o economista Antonio Correa de Lacerda, da Sobeet (Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica), os números mostram que as turbulências globais têm "efeito dúbio" para a economia brasileira.

Apesar de a crise colocar um "pé no freio" dos investimentos em todo o mundo, o Brasil se destaca por ser uma das poucas economias que crescem, ainda que em ritmo mais fraco, ao lado da China.

"O pouco que os europeus investem não vai ser na Europa. Onde será? A China tem investimento demais. Só resta o Brasil", disse Lacerda.

No caso da Espanha, os investimentos caíram 84% de janeiro a abril. É preciso lembrar, porém, que o dado de 2011 foi muito acima da média em razão da transação da Telefônica envolvendo a Vivo.

Para Lacerda, outros fatores explicam a redução no investimento europeu: o desempenho acima da média de 2011 e a mudança no patamar de juros e da taxa de câmbio do real neste ano, que reduz o ganhos desse investidor.

"Muitas empresas aproveitavam para antecipar as entradas e aplicar esse capital. Depois os juros caíram e o câmbio desvalorizou."

Para o economista-chefe da Telefônica, Luis Afonso Lima, o governo poderia adotar incentivos para as empresas estrangeiras trazerem dinheiro a fim de compensar a baixa taxa de investimento

-19% do PIB em 2011.

Ele diz que o Brasil ainda vai precisar de mais investimentos estrangeiros nos próximos anos para compensar a baixa poupança nacional.

REMESSAS

Apesar de não trazer tanto capital, as matrizes europeias estão levando menos dinheiro do Brasil sob a forma de lucros e dividendos.

A remessa de dividendos caiu 34%, para US$ 3,5 bilhões, na comparação dos quatro primeiros meses de 2012 com os de 2011.

Entre as explicações, estão os lucros e as margens menores no Brasil e a necessidade de reinvestir os ganhos no país, além do momento desfavorável para repatriamento de capital em razão da queda do real -com a moeda brasileira desvalorizada, a empresa consegue menos euros.

Com Marcelo Almeida, colaboração para a Folha

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