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Brasil conquista 68 Leões e deve bater recorde em Cannes Qualidade também melhora, com mais premiações para agências que representam grandes marcas País, no entanto, ainda tem a prática de criar campanhas só para ganhar prêmios, avaliam publicitários MARIANA BARBOSADE SÃO PAULO As agências brasileiras de publicidade caminham para bater o recorde de Leões no Festival Internacional de Criatividade de Cannes. O país conquistou 68 estatuetas nas 11 categorias cujos resultados já foram divulgados, ante 66 em 2011. Ao todo, são 15 categorias. O resultado das últimas categorias será conhecido no sábado, no encerramento do festival, na Riviera Francesa. Mas não é apenas em números que o Brasil se destaca. A qualidade dos Leões também melhorou. "Estamos ganhando mais Leões com grandes marcas", diz o diretor de criação da JWT, Ricardo John. Entre os grandes anunciantes cujas campanhas foram premiadas neste ano estão Coca-Cola e Hellmann's (agência Ogilvy) e Bradesco Seguros (AlmapBBDO). FANTASMAS O Brasil é notório por criar campanhas de olho nos prêmios, trabalhos conhecidos como "fantasmas", "paralelos" ou "proativos". São campanhas que surgem a partir de uma ideia genial, mas que não têm pai (anunciante). Para viabilizá-las, as agências procuram anunciantes menores que topam assumir a paternidade, mas sem pagar por isso. "O fantasma caminha para virar uma exceção. Mas hoje ainda é a regra", diz John. No ano passado, o Brasil teve dois Leões cassados após a revelação de que as peças, criadas pela Moma para a montadora Kia, não tinham autorização do cliente. As duas categorias em que o Brasil mais se destaca são justamente aquelas em que é mais fácil e barato criar fantasmas: Outdoor e Impresso. Basta aluga um outdoor de uma cidade pequena ou comprar uma página em uma revista de baixa circulação. Para João Ciaco, diretor de Publicidade e Marketing da Fiat e que foi jurado em Cannes neste ano, as peças fantasmas "afetam a imagem do Brasil". "Cannes é um festival que premia a criatividade, mas não é festival de arte. É injusto comparar produções comerciais, que estão sujeitas a barreiras naturais do mundo comercial, com peças que não tenham limitações." Ele diz que o festival tem se esforçado para coibir esse tipo de inscrição. A publicitária Fernanda Romano, sócia da agência inglesa Naked e que fez carreira fora do país, diz que esse é um problema sério, mas que não é limitado ao Brasil. África do Sul, China e outros países asiáticos também fazem. Apesar de acreditar que a prática afeta a imagem do Brasil, ela diz que o país ainda é visto como celeiro de talentos. "Todos querem contratar brasileiros. É como no futebol. Falam mal, mas, na hora em que o Brasil vai jogar, param para assistir." GRAND PRIX O principal prêmio brasileiro ontem foi um Grand Prix em Rádio para a Talent, que criou a "Rádio Repelente" para a revista GoOutside. O rádio foi transformado em repelente com a inserção de um sinal de 15kHz na programação. O sinal é imperceptível para humanos, mas é capaz de repelir insetos. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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