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Análise Baixada

Crescimento de cidades gera especulação e alta de imóveis

ROY MARTELANC
ESPECIAL PARA A FOLHA

Levantamentos recentes mostram que, em 2011, os imóveis valorizaram perto dos 30% em cidades como Santos e Campinas. Esses aumentos de preço são até maiores que os constatados em São Paulo, com seus 25%.

Isso se deve a dois fatores. O primeiro: as cidades vizinhas à capital têm vida econômica cada vez mais forte.

Santos, além de ser um lugar lindo para morar, tem o maior porto organizado do país e vive o boom do pré-sal, com a chegada da Petrobras e de seus fornecedores.

Campinas -e região- tem uma indústria moderna e competitiva e há décadas se consolidou como o principal parque industrial do Estado.

Além disso, o crescimento econômico atrai pessoal qualificado e gera necessidades habitacionais. A renda gerada é canalizada ao consumo de todo tipo de produtos e serviços, inclusive imóveis.

Como distância se mede em minutos e reais, e não em quilômetros, é razoável alguém morar em cidades próximas e trabalhar em São Paulo -dependendo do bairro paulistano em que a pessoa viveria, o tempo de deslocamento não é muito maior.

O custo de transporte é um pouco mais alto por causa dos pedágios, do combustível e da manutenção do carro, mas a distância, medida em minutos e reais, é mais leve para aqueles que podem trabalhar à distância e não precisam estar em São Paulo todos os dias da semana.

O ônibus fretado, que é mais barato, permite viajar dormindo ou fazendo amigos, mas é uma solução melhor para quem tem empregos com horários rígidos.

A compensação de morar em cidades próximas à capital está na qualidade de vida. Com o mesmo dinheiro de um apartamento normal em São Paulo, compra-se uma magnífica casa em um condomínio fechado ou um apartamento perto da praia.

Imóvel mais agradável, maior sensação de segurança, ambiente mais amigável aos filhos e menor custo de vida já levaram muitos paulistanos a optar por morar nas prósperas cidades vizinhas.

Para esses municípios, essa demanda de gente de fora aumenta os preços dos imóveis, tanto para quem chega como para quem é da cidade.

Esses dois fatores -o desenvolvimento da cidade e a chegada de moradores oriundos da capital- geram demanda real e provocam o aumento dos preços.

Há ainda outro fator, derivado. Em imóveis, a exemplo de outras atividades que têm face especulativa, crescimento chama crescimento.

Algumas pessoas avistam um boom imobiliário e passam a desejar obter bons ganhos em relativamente pouco tempo e mediante um risco baixo, na visão delas.

Essas pessoas correm para comprar um imóvel na planta, na certeza de poder vendê-lo com bom lucro em um par de anos. O comportamento especulativo eleva ainda mais a demanda natural dos imóveis e seus preços.

ROY MARTELANC é professor de finanças da FEA-USP e coordenador da pós em negócios do mercado imobiliário da FIA.

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