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Perfil Fernanda Romano, 37

Tuiteira de Cannes

(...)a profissional que se define como 'geek' foi uma das comentaristas do festival de publicidade

MARIANA BARBOSA
DE SÃO PAULO

Ela se autodefine como uma "geek" (nerd do mundo tecnológico) e vem sendo festejada como uma das publicitárias brasileiras mais criativas da atualidade.

@fefaromano, ou Fernanda Romano para quem não é íntimo de Twitter, passou a última semana na Riviera Francesa comentando sobre seminários, baladas e prêmios no #canneslions.

Ela foi um dos 12 profissionais de criação selecionados pelo festival de publicidade de Cannes para atuar como "storyteller" (contadora de histórias), com tuítes reproduzidos no aplicativo para iPhone do festival, que neste ano bateu recorde de público -com 10 mil delegados.

Entre um tuíte e outro, Romano participou de workshops e também fez palestra -de bermuda em um palco montado na praia-, sobre "O Pior Dia da Sua Vida como Publicitária".

Sócia e diretora de criação da Naked Brasil, agência australiana que chegou ao país há seis meses, Romano tem uma relação de amor e ódio com a profissão.

Depois de se formar em administração pública na FGV, trabalhou um ano em uma multinacional. Achou tudo muito chato, previsível. Vida de publicitário é que devia ser divertida, pensou.

"Conhecia o [Cláudio] Carillo [da Carillo Pastore, adquirida pela Euro RSCG] desde criança, éramos vizinhos. E achava que ele tinha uma vida interessante."

Mas o vizinho a levou para as áreas de planejamento e atendimento, departamentos menos criativos na engrenagem de uma agência. "Achei aquilo chato pacas, fiquei traumatizada e não queria mais saber de propaganda."

Fim dos 1990, início dos 2000, bolha da internet, Romano entrou no mundo das "startups". Até que Erh Ray, então chefe de criação da DM9, convidou-a para cuidar de internet na agência. "Não queria, mas o Erh me convenceu de que podia ser legal."

Menos de dois meses depois, ocorreu "O Pior Dia da Sua Vida como Publicitária": Erh Ray sai brigado, Nizan Guanaes volta ao comando da empresa e demite, de uma vez, mais de 60 pessoas. "Nizan passou por mim e falou: 'Você, por enquanto, vai ficando.' Foi tenso."

Meses depois, Nizan saiu para cuidar da campanha eleitoral de José Serra. Ela foi ficando. Por cinco anos.

Depois vieram Nova York, Madri, Londres, grandes agências, grandes contas, seis anos e meio no exterior. Até que um amigo, ex-presidente de uma das agências em que trabalhou, convidou-a para abrir a Naked Brasil. "Aprendi muito lá fora e resolvi que era hora de parar de criticar e começar a fazer."

CRUZADA

Uma de suas missões na Naked -agência que não gosta de ser chamada de agência e que tem 70 funcionários e dez clientes, entre eles Natura, Yahoo! e Oi- é ajudar a desenvolver um mercado em que as agências sejam remuneradas por suas ideias.

Hoje, a maioria vive de uma comissão pela veiculação de espaço publicitário, o BV, prática legal, mas que só existe no Brasil.

"É cedo para dizer se vamos conseguir sensibilizar o mercado. Audiência se constrói. Mas as agências continuam comprando audiência. Preciso ter liberdade para recomendar o que é bom para o cliente."

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