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Análise Preços

Safra recorde de milho requer subvenção na comercialização

LEONARDO SOLOGUREN
ESPECIAL PARA A FOLHA

Enquanto o mercado discute qual será o tamanho da produção de milho proveniente da segunda safra, os produtores de Mato Grosso já tentam articular com o governo uma possível ajuda para a comercialização do cereal.

A reivindicação é legítima, já que há forte probabilidade de que a oferta de milho de Mato Grosso praticamente dobre na safra 2011/12.

De 7 milhões de toneladas produzidas na safra passada, os produtores mato-grossenses deverão colher agora mais de 13 milhões de toneladas.

O resultado dessa expectativa tem afetado os preços do cereal. Na região meio-norte de Mato Grosso, os preços chegaram a atingir patamares abaixo de R$ 14 por saca, o que acabou por preocupar os produtores.

Essa articulação dos produtores de Mato Grosso tem surtido efeito nos últimos anos e tem proporcionado nova dinâmica ao mercado. Os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (modalidade na qual o governo promove uma subvenção na comercialização do milho para os compradores do grão que se comprometerem a pagar aos produtores o preço mínimo estabelecido nos editais) tendem a melhorar o preço no terceiro trimestre do ano, estimulando, portanto, o plantio da segunda safra no ano seguinte.

Os leilões de PEP, no entanto, não chegam a tempo de estimular o plantio do milho para o produtor da região Sul do país, que sempre toma sua decisão de investimento olhando os preços no presente. O cenário atual pode ser muito semelhante ao do observado na safra 2009/10.

Os altos estoques de milho acumulados na safra em questão levaram o governo a promover ajuda de comercialização que contemplou cerca de 11 milhões de toneladas.

Essa ajuda permitiu que o Brasil alcançasse um volume de exportação de 10,8 milhões de toneladas em 2010, o qual se destacou por ser o segundo melhor resultado já obtido na história do país.

O forte movimento das exportações naquele período resultou em expressiva alta nos preços do cereal no terceiro trimestre daquele ano.

A alta de preços incentivou o aumento na área plantada com o milho da segunda safra, em especial na região Centro-Oeste.

Em compensação, a área cultivada com o cereal na safra de verão 2010/11 atingiu seu menor registro histórico.

A história nos demonstra que claramente há uma mudança geográfica na produção do grão.

Enquanto a área plantada com o cereal tende a cair no verão, a ajuda governamental tem estimulado a produção da segunda safra, em especial na região Centro-Oeste.

A intervenção do governo é resultado da nossa ineficiência logística. O deficit de armazenagem, aliado ao alto custo de escoamento do milho no Centro-Oeste, seja para as regiões consumidoras seja para os portos, torna necessário algum grau de subvenção na comercialização, principalmente nos anos de supersafra.

Enquanto a ineficiência permanecer, essa ajuda sempre será solicitada.

LEONARDO SOLOGUREN é engenheiro-agrônomo, mestre em economia e sócio-diretor da Clarivi.

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