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Brasil deve priorizar reforma, diz economista

Para professor de Harvard, país precisa prestar atenção no que acontece na Espanha

VAGUINALDO MARINHEIRO
ENVIADO ESPECIAL A EDIMBURGO

O Brasil precisa parar de apenas se autocongratular pelas conquistas econômicas e pensar no que precisa ser feito para ganhar mais espaço no mercado global.

Essa é a advertência do economista Pankaj Ghemawat, que, em 1991, aos 31 anos, tornou-se o mais jovem professor titular da Universidade Harvard (EUA) e que hoje dá aulas na Iese Business School, na Espanha, uma das principais escolas de negócios do mundo.

"O país melhorou muito, mas há aparentemente uma sensação de dever cumprido, que a hora do Brasil chegou e que é o momento de comemorar. É preciso estar atento porque o Brasil é muito pouco integrado com o mundo", afirmou Ghemawat em entrevista à Folha.

"Em que setores o Brasil vai se destacar globalmente, fora no de recursos naturais? Há algumas grandes empresas brasileiras, como Embraer ou Odebrecht, mas as exportações inda são dominadas por commodities."

Segundo Ghemawat, a legislação trabalhista, por exemplo, é algo que precisa ser reformado, uma vez que provoca dois efeitos nocivos: encarece a produção das empresas brasileiras e afugenta as estrangeiras.

Ghemawat, que nasceu na Índia, não reserva suas críticas apenas ao Brasil.

Ontem ele foi um dos palestrantes do TED Global, evento sobre tecnologia e inovação que acontece até amanhã em Edimburgo (Escócia).

Discorreu sobre o que mais gosta: globalização. Ou semiglobalização, como prefere.

Ele discorda daqueles que afirmam que vivemos num mundo globalizado, onde as fronteiras nacionais não teriam mais importância. Um dos alvos de suas críticas é Thomas Friedman, autor do livro "O Mundo é Plano".

Para defender sua tese, lança mão de uma série de dados. De todas as ligações telefônicas feitas no mundo, diz, mais de 98% são nacionais. As exportações são responsáveis por não mais de 30% do PIB mundial.

MADE IN CHINA

"Essa falsa ilusão de que estamos todos integrados prejudica a busca por uma maior integração. Além disso, cria falsos problemas. Muita gente acha que os produtos chineses são responsáveis pelo desemprego nos EUA. Mas os 'made in China' respondem por menos de 1% do consumo dos americanos. Faz sentido criar barreiras para os produtos chineses?"

Ghemawat é mais um daqueles que afirmam que a crise econômica está fazendo os países ficarem ainda mais protecionistas, o que freará o processo de globalização.

Na entrevista à Folha, ele volta ao Brasil, às reformas trabalhistas e às lições que, diz, deveriam ser aprendidas.

"O Brasil precisa prestar bastante atenção no que acontece agora na Espanha. O país adiou suas reformas trabalhistas e nos últimos anos viu o custo das empresas crescer muito mais que a produtividade, com os resultados que assistimos atualmente. O Brasil ainda pode evitar isso."

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