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Eike troca executivo após ação despencar

Presidente do braço de petróleo sai depois de empresas do grupo perderem R$ 14 bi em valor de mercado em 2 dias

Especulação acentua queda, diz analista; à Folha presidente da OGX nega que ações sejam motivo da saída

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO
TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Depois de uma crise de confiança sem precedentes varrer, em dois dias, quase

R$ 14 bilhões do valor de mercado de suas empresas na Bolsa, Eike Batista decidiu trocar o comando da companhia de petróleo OGX.

Egresso da Petrobras e considerado um técnico experiente, Paulo Mendonça deixará a presidência da OGX, após assustar os investidores com a revisão das estimativas de produção no seu único campo em operação.

Em seu lugar entrará Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, que era diretor-presidente da OSX, empresa de construção naval do grupo. Ele também veio da Petrobras, onde trabalhou por 30 anos.

Só ontem o valor das sete empresas de Eike na Bolsa recuou R$ 5,4 bilhões. Um dia antes, caíra R$ 8,4 bilhões.

No ano, as empresas X já perderam R$ 23 bilhões em valor de mercado, segundo a consultoria Economatica.

Sozinho, Eike perdeu ontem R$ 4,96 bilhões de um patrimônio avaliado em R$ 44,3 bilhões, segundo a Bloomberg, caindo do 21º para o 28º posto das maiores fortunas. Pela "Forbes", está em 7º.

Procurado, o empresário não quis se pronunciar.

FISSURA

Ontem as ações da OGX recuaram 19,2%, após perder 25,3% no dia anterior.

Inicialmente, a previsão da OGX era extrair 20 mil barris por dia do campo de Tubarão Azul, o único em exploração, e agora é de 5.000. Uma fissura entre os poços e a necessidade de troca de equipamentos submarinos foram as justificativas da empresa para a revisão dos números.

As empresas do grupo listadas na Bolsa acompanharam a queda. A MMX, de mineração, desvalorizou-se em 17,08% ontem, depois de ter caído 6,94% um dia antes. A LLX (logística) caiu 7,47% e 8,07%, respectivamente.

Segundo operadores, a crise de confiança colocou as empresas X na rota de especuladores que faturam vendendo os papéis e recomprando a um preço menor.

"Não tem explicação uma empresa perder quase 50% de seu valor em dois dias. Está excessivo e batendo nas outras empresas do grupo", disse Nataniel Cezimba, analista do Banco do Brasil.

A avaliação é que o valor das ações nunca voltará aos patamares de antes, a menos que o empresário comece a "entregar produção".

APLAUSOS E PAULADAS

À Folha Mendonça disse que sua saída da OGX não foi motivada pela queda das ações. Ela marcaria o fim de um ciclo -o da exploração de poços. A empresa partiria para a produção de petróleo.

De acordo com ele, a OGX merecia aplausos por reajustar suas perspectivas.

"Fomos extremamente honestos com o mercado. No primeiro teste, com três dias de produção, verificamos a possibilidade de vazão de até 20 mil barris. Cinco meses depois, após o teste de longa duração, vimos que seria menos. Merecíamos aplausos, e não pauladas [do mercado]."

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