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Análise agronegócio

Internacionalização da China abre oportunidades ao Brasil

O Brasil precisa estar preparado para receber os investimentos chineses

MARCOS FAVA NEVES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Neste mês aconteceu o 22º encontro anual de agronegócios, alimentos e bioenergia, congregando cerca de 400 empresários em Xangai, na China.

Em termos de oportunidades, a população chinesa deverá crescer para 1,4 bilhão de pessoas em 2015, em 1,45 bilhão em 2020 e em 1,5 bilhão em 2030, quando deverá se estabilizar.

Outro fato é a evolução da urbanização, que vai de 55% em 2015 para 60% em 2020, atingindo incríveis 70% em 2030. Isso significa quase 300 milhões de pessoas indo do campo para as cidades. A renda per capita evolui de US$ 5.500 em 2015 para US$ 15 mil em 2030.

O impacto calculado desses fatos é que o consumo per capita de carnes pula de 57,3 quilos por habitante em 2015 para 68,6 quilos em 2030. Serão quase 12 quilos a mais por chinês. Isso abre amplas oportunidades de negócios.

Quando indagados sobre quais são os desafios principais, foram citados custos e qualificação de mão de obra, que cresceram 30% nos últimos dois a três anos.

Novas regulamentações governamentais referentes à segurança do alimento (a China é famosa em contaminações) estão elevando os custos de produção e restringindo os componentes utilizados nas rações. Pela concentração da produção, doenças e epidemias se espalham rapidamente.

Existem também pressões cada vez mais fortes pela sustentabilidade, em como conciliar o crescimento necessário com a restrição de recursos e as questões ambientais.

Outras preocupações envolvem a volatilidade do mercado de grãos (componentes das rações), logística no interior, crédito insuficiente e ainda a política agrária.

As políticas governamentais de desenvolvimento urbano avançam sobre áreas de agricultura, trazendo mais competição pela terra. Fora isso, existe amplo debate sobre a contaminação e a disponibilidade de água e de solo na China.

A boa mensagem para a produção brasileira é que os custos de produção sobem muito na China também, bem como o consumo. Esses fatos levam os empresários chineses a destacarem a necessidade de internacionalizar cada vez mais suas empresas, e aqui abrem-se as oportunidades ao Brasil, em receber esses investimentos para abastecer parte do mercado chinês com os excedentes de alimentos aqui produzidos.

A mensagem dada aos chineses é que não é necessário comprar terras, mas sim "originação" (redes de suprimento) de produtos no Brasil. Após 20 dias, chega-se cada vez mais à conclusão de que a China fascina.

MARCOS FAVA NEVES é professor titular de planejamento e estratégia na FEA/USP (campus Ribeirão Preto) e coordenador científico do Markestrat.

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