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Commodities

FGV projeta novo agronegócio na África

Plano prevê fundo de R$ 2 bilhões para financiar negócios de longo prazo com rentabilidade de 20% ao ano

Meta é atrair capital privado para produção agrícola de exportação; insegurança jurídica é o principal obstáculo

DE SÃO PAULO

Uma área em Moçambique (sudeste da África) que equivale ao tamanho do Pantanal brasileiro deve se transformar num megaprojeto agrícola, com tecnologia e produtividade semelhantes às do cerrado do Brasil.

Além de descobrir vocações locais para o plantio de grãos (soja e milho), o projeto quer também estruturar propostas para a ocupação da área destinada à produção de álcool combustível.

No total, a região atingida tem 140 mil quilômetros quadrados.

Com o apoio da Embrapa, empresa estatal que faz pesquisa agrícola, a ideia é replicar em Moçambique a experiência de sucesso do agronegócio no cerrado brasileiro.

O plano de desenvolvimento será feito pela FGV Projetos, instituição criada pela Fundação Getulio Vargas.

A diferença desse projeto para outros é a tentativa da FGV de dar uma feição privada a todo o plano.

O fundo, batizado de Nacala (nome que é dado ao porto moçambicano), receberá recursos de investidores interessados em projetos agrícolas de maturação mais longa.

"Um dos desafios é o de buscar investidores que não queiram sair do fundo num prazo de cinco anos. A ideia é que eles fiquem por sete ou dez anos", explica César Campos, diretor da FGV Projetos.

Para isso, a FGV pretende estruturar projetos que ofereçam rentabilidade de 20% ao ano. "Como queremos ciclos mais longos para o investimento, o risco também passa a ser maior. Então, a rentabilidade precisa ser mais alta", diz.

A FGV busca entre bancos japoneses e brasileiros eventuais interessados em gerir o fundo. A meta é que, com essas condições, o fundo consiga atrair entre US$ 1 bilhão e US$ 2 bilhões.

Além de definir vocações regionais para produção agrícola, a FGV Projetos também será a responsável por negociar com o governo moçambicano o arcabouço legal que estará na base de todo o plano de desenvolvimento. É uma condição para dar segurança jurídica aos investidores privados.

Exemplo disso é a inexistência da propriedade privada em Moçambique. As terras são controladas pelo Estado e só podem ser exploradas mediante concessão.

O objetivo é que em dez anos haja um grande polo agrícola na África. Mas, apesar da ênfase na grande produção, o plano pretende contemplar a pequena propriedade rural, que poderá ter recursos a fundo perdido.

Além dos interesses de Moçambique, o plano tentará incluir expectativas do Japão e do Brasil. Hoje, a região possui um mina de carvão. O recurso é explorado pela Vale.

O contrato que viabiliza a estruturação do plano foi assinado ontem, em Brasília, pela ABC (Agência Brasileira de Cooperação) -ligada ao Itamaraty-, o Pnud (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento), a Agência Japonesa de Cooperação Internacional (Jica, na sigla em inglês) e a GV.

(AGNALDO BRITO)

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