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Modelo do pré-sal atrasa expansão, aponta Harvard

DE BRASÍLIA

O estudo de Harvard sobre o panorama do petróleo em 2020 traz duas notícias para o Brasil. Por um lado, o país deve ter a quarta maior expansão de produção do mundo. Por outro, essa expansão poderia ser duas vezes maior se o modelo de exploração do pré-sal fosse diferente.

Leonardo Maugeri, autor do estudo, estimou em 6 milhões de barris por dia a capacidade adicional de produção brasileira em 2020. O número, porém, foi ajustado para 4,5 milhões de barris devido às limitações da Petrobras, em cujas mãos ficou quase exclusivamente o pré-sal.

Com isso, o Brasil se torna o sexto maior produtor do mundo, ao lado da China, passando a Venezuela, a Noruega e o México.

A projeção é parecida com a análise feita pelo grupo de Alexandre Szklo, da Coppe-UFRJ. Os pesquisadores do Rio estimam em 5,6 milhões de barris por dia o potencial brasileiro em 2020, mas ajustaram o valor final para 3,8 milhões de barris devido a problemas regulatórios.

"Os requisitos financeiros são muito altos. Não podemos botar todo o ônus sobre uma empresa só", afirma Maugeri a respeito do pré-sal e da Petrobras. "Quando você opera num ambiente tão difícil, precisa de muito mais operadores para ter um resultado mais rápido."

Szklo concorda que a decisão do governo de ter a Petrobras como principal operadora das novas reservas e a política de conteúdo nacional para as sondas atrasam a produção. Ele, porém, alerta:

"Isso não é uma corrida de 100 metros rasos, é uma maratona. O importante é saber como o pré-sal vai gerar o máximo valor para a sociedade em um tempo longo".

Segundo Szklo, o Brasil não pode entrar em produção excessiva de óleo agora, pois, com juros altos, pouca inovação e indústria pouco madura e vulnerável ao dólar, dinheiro demais do pré-sal tornaria o país vítima da doença holandesa -nome dado à desindustrialização advinda da exploração de uma commodity muito rentável.

Por outro lado, afirma, existe um risco na opção de operar as novas reservas com uma empresa cujo acionista majoritário é o governo. "Sempre há outros projetos que podem atrasar o desenvolvimento do pré-sal."

(CA)

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