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Crise faz as vendas do comércio tropeçarem

Volume deste ano ainda é maior que o de 2011 e analistas esperam retomada

Com cliente endividado e crédito restrito; queda foi maior em segmentos que dependem mais de financiamento

PEDRO SOARES
DO RIO

Imune à crise até agora, o comércio mostrou em seus números de maio, divulgados ontem, que também pode tersido afetado pela desaceleração da economia.

As vendas caíram 0,8% entre abril e maio, a queda mais intensa desde novembro de 2008, quando começou a turbulência global.

O recuo no volume de bens comercializados, apontado pelos dados do IBGE surpreendeu analistas e indicou um possível esgotamento do modelo adotado pelo governo para dinamizar a economia via aumento do consumo.

Dentre as principais medidas estão a redução de tributos, que barateia os produtos.

Para Reinaldo Pereira, economista do IBGE, o varejo pode estar refletindo uma "piora da conjuntura econômica", que bateu com mais força na indústria -cujas perdas acumuladas até maio chegam a 3,4%.

O técnico ressalva, porém, que trata-se de um primeiro dado negativo. "Pode ser pontual. São necessárias mais informações para confirmar uma nova tendência."

De todo modo, Pereira diz que as famílias não respondem aos "apelos de consumo do governo" como em 2008-2009 por estarem mais endividadas -os números do IBGE mostram que segmentos que dependem mais de crédito tiveram queda mais acentuada.

Numa indicação de esfriamento do consumo, o setor de móveis e eletrodomésticos puxou as vendas do comércio para baixo em maio, com queda de 3,5% frente a abril.

A consultoria LCA diz que o resultado sugere o esgotamento do efeito da redução de IPI para os produtos da linha branca (em vigor desde dezembro) e reflete ainda a limitação da oferta de crédito -os bancos estariam mais restritos na concessão, por causa da alta inadimplência.

MOTOR MAIS LENTO

Segundo a LCA, o mercado de trabalho, principal motor do consumo até agora, também já começa a dar sinais de acomodação, com menores avanços do rendimento.

Para Aurélio Bicalho, do Itaú-Unibanco, as vendas do varejo "surpreenderam negativamente", mas a queda não foi generalizada. Cresceram as vendas de informática e vestuário de abril para maio.

O economista crê numa retomada nos dados de junho, impulsionada pela queda dos juros e a prorrogação da redução de impostos para a linha branca.

A recuperação deverá vir também do setor de veículos, cujas vendas já subiram 1,5% de abril para maio, sob impacto da redução do IPI.

Apesar de otimista, Bicalho diz que a piora da crise internacional e a freada do mercado de trabalho são "fatores de risco" para o consumo.

Para Luiz Goes, sócio da consultoria GS&MD, o varejo vai "patinar" até agosto em razão especialmente do crédito "travado", mas deve reagir mais para o final do ano.

O especialista prevê expansão de 7% neste ano. Nos 12 meses encerrados em maio, as vendas cresceram 7,3%. Na comparação maio de 2011, a expansão foi de 8,2%.

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