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Análise Cana Mercado brasileiro de etanol precisa de planejamento PLINIO NASTARIESPECIAL PARA A FOLHA Notícias dão conta de que o governo avalia o possível retorno da mistura de etanol anidro à gasolina ao nível de 25%. Essa mistura foi reduzida para 20% em outubro, pelo temor de que pudesse haver falta do produto por causa da seca que afetou a cana. Apesar do clima anormal, a decisão foi tomada no momento em que os produtores terminavam a moagem de uma safra programada para gerar uma produção de anidro suficiente para atender o mercado com 25%. Esse planejamento contemplou, inclusive, a importação de etanol. A redução da mistura foi implementada. Cerca de 500 milhões de litros de anidro foram transformados em hidratado, com perda econômica. Enquanto isso, o aumento do consumo de combustíveis no mercado doméstico fez com que se agravasse a conta de importação de gasolina. Nos últimos 12 meses, foram importados 3,7 bilhões de litros de gasolina, gerando prejuízo direto para a Petrobras de US$ 631,7 milhões. O retorno da mistura ao nível de 25% seria altamente desejável, caso tivesse sido planejado e anunciado com antecedência. Do ponto de vista dos produtores, poderia ser aumentado o volume de cana destinado ao etanol, com provável impacto positivo nos preços do açúcar e do etanol, contribuindo para a recuperação econômico-financeira do setor. Para a Petrobras, cairia o prejuízo com importações de gasolina e diminuiria a pressão de logística para viabilizar a importação e a distribuição de todo esse volume. A reversão é agora cogitada no momento em que mais de 1/3 da safra de cana já foi processada. A moagem está atrasada por conta das chuvas excessivas em maio e junho, e é provável que não haja mais tempo para que seja produzido nesta safra o volume necessário para atender a demanda adicional de anidro, caso o teor de mistura seja revertido agora. A alternativa de importação está praticamente fechada, com o preço do etanol mais elevado no exterior, e o real menos valorizado. Além disso, boa parte dos contratos de compra e venda de anidro no mercado interno tiveram preços fixados com base em um prêmio sobre o preço do hidratado, que é por sua vez pressionado pelo preço artificialmente baixo da gasolina, diminuindo a viabilidade da importação. O desejável retorno da mistura ao nível de 25% precisa ocorrer de forma planejada, ou desde que esteja plenamente assegurado o seu abastecimento na safra. O governo poderia anunciar, já, que a partir do início da próxima safra, em maio de 2013, esse será o percentual adotado. Provavelmente o mercado agradeceria. O planejamento industrial e comercial poderia ser assim realizado com a devida antecedência, para que o mercado seja atendido. Uma decisão precipitada pode causar um embaraço que não poderá ser novamente imputado aos produtores de etanol, que já pagaram a conta quando a decisão ocorreu no sentido contrário. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros |
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