Índice geral Mercado
Mercado
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros

Julio Vasconcellos

Atenção: mulheres trabalhando

Grupos de homens e mulheres obtêm melhor performance do que grupos de pessoas do mesmo sexo

NESTA SEMANA, ao ler a notícia de que Marissa Mayer saiu do Google para ser a nova presidente-executiva do Yahoo!, fiquei pensando em como o cenário no mundo de negócios e tecnologia está progredindo.

No ano passado, escrevi sobre a idade de empreendedores e a preferência de muitos investidores por apostar em fundadores com perfil semelhante àqueles típicos das start-ups do Vale do Silício: jovens com menos de 27 anos, garra e inteligência incomuns, uma vontade de revolucionar o mundo e um enorme apetite por risco.

Olhando novamente para o perfil desses empreendedores do mundo digital, observa-se que a grande maioria, tanto nos Estados Unidos como no Brasil, é composta por homens. Mas isso também já está começando a mudar. Conquistas de mulheres como Marissa e Sheryl Sandberg, diretora de operações do Facebook, são admiráveis e devem motivar outras empresárias no mundo a perseguir seus espaços em setores tradicionalmente dominados pelos homens.

Dada essa mudança positiva, aproveito a coluna de hoje para compartilhar alguns conselhos com as empresárias do futuro.

Um primeiro conselho, que aprendi da própria Marissa quando a conheci, é escolher bem onde fazer sua carreira. Buscar uma empresa e um chefe que a respeitem e valorizem suas diferenças é essencial. E, mesmo que em ritmos diferentes, acredito que muitos já estão percebendo, na prática, o que diversos estudos já comprovaram muitas vezes: grupos de homens e mulheres conseguem melhor performance do que grupos de pessoas do mesmo sexo. Se alguma empresa ou pessoa ainda não percebe isso, fique longe.

O segundo conselho, que também não vem de mim e sim de Sheryl Sandberg, é sempre buscar "um assento na mesa". Concordo com a observação de Sheryl de que muitas mulheres se subestimam e frequentemente acreditam que não merecem as posições que conquistaram. Com isso, tendem a atuar de forma mais tímida do que os homens, sem fazer grandes exigências.

Estudos apontam que as mulheres negociam muito menos seus salários do que os homens, já que algumas se sentem até sortudas de terem determinada oportunidade. Por outro lado, muitos de seus colegas masculinos sentem que são seus empregadores os sortudos em tê-los.

Embora a timidez no trabalho seja um inimigo recorrente das mulheres, algumas erram em compensar demais para o outro extremo. Recentemente, em uma reunião de executivos, um colega descreveu um novo grupo de gestoras: "As Mulheres que Assustam os Homens". Além de parecer o nome de livro de Stieg Larsson, esse rótulo demonstra o impacto que o excesso de agressividade em mulheres pode causar.

Esse tipo de comportamento pode levar a tensões no ambiente de trabalho não só por colegas que resistem à imposição da vontade de uma mulher forte como também por colegas que talvez não saibam lidar muito bem com o comportamento e, por isso, não se relacionam de forma construtiva e produtiva com seus pares do sexo oposto.

Uma grande vantagem competitiva da mulher no âmbito profissional é a predisposição a ter um quociente emocional (QE) mais refinado e, com isso, a habilidade de executar negociações e construir relacionamentos mais profundos. Tentar ser forte ou agressiva demais pode acabar inibindo alguns de seus melhores atributos. Portanto, não faz muito sentido tentar reprimir ou eliminar as emoções no trabalho, conforme muitos recomendam, mas sim saber utilizá-las sempre a seu favor e na medida certa.

Por fim, minha sugestão é encontrar uma mentora, e que também se torne uma mentora para outras mulheres que virão depois de você. A meu ver, mulheres muitas vezes competem umas com as outras no ambiente de trabalho em vez de se unirem. Enquanto isso, os homens, que já são maioria, se ajudam a progredir na carreira com o apoio de um network de mentores e padrinhos.

Está na hora de as coisas mudarem, e não tem ninguém melhor para mudá-las do que você, nem hora melhor para mudar do que agora. Você pode ser essa transformação, não tentando ser outra pessoa, mas celebrando quem você é e usando isso como o diferencial que a alavancará para a frente.

JULIO VASCONCELLOS, 31, economista, é fundador e presidente-executivo do site de compras coletivas Peixe Urbano. Escreve às quintas-feiras, a cada quatro semanas, nesta coluna.

AMANHÃ EM MERCADO:
Rodolfo Landim

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice | Comunicar Erros


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.