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Vaivém

MAURO ZAFALON mauro.zafalon@uol.com.br

Seca faz milho e soja atingir preços recordes

A expectativa de oferta cada vez mais limitada de grãos, devido à seca que prejudica a safra dos EUA, levou os preços do milho e da soja aos maiores valores já registrados na Bolsa de Chicago.

Com alta de 1,6% ontem, o primeiro contrato de milho fechou a US$ 8,08 por bushel. A soja alcançou US$ 17,34 por bushel -valorização de 2,9%.

Com previsões cada vez mais desanimadoras sobre a produtividade das lavouras nos EUA, em 30 dias o milho acumula alta de 31,9% e a soja sobe 20,9% em Chicago.

O rali de preços também chegou ao mercado interno, onde a soja já ultrapassou a marca histórica de R$ 70 por saca. Ontem, o preço médio era de R$ 70,85 no país, segundo pesquisa da Folha.

Até o milho, que neste ano terá uma supersafra no Brasil, sobe 27% em 30 dias, atingindo R$ 25,78 por saca.

O comportamento das cotações gera preocupações com a inflação e com a segurança alimentar. Nos EUA, reacendeu o debate sobre o uso do milho para a produção de etanol. Como a oferta deve ser bem mais baixa do que o previsto, cumprir as metas de produção de etanol determinadas pelo governo americano significaria menos milho para a alimentação.

Em um setor marcado pela especulação, desta vez o comportamento dos preços pode ser proporcional às preocupações com o abastecimento mundial.

"Estamos vivendo uma anomalia considerável no mercado em relação aos anos anteriores", afirma Vinícius Ito, analista da Jefferies Bache, em Nova York.

Além da queda na produção americana, também houve quebra nas safras de soja do Brasil e da Argentina. Ou seja, todos os grandes produtores ofertaram menos do que o previsto -e necessário.

Puxada pela China, a demanda mundial por grãos continua forte, mesmo com os preços em patamar alto.

Pé no freio O preço alto reduziu o ritmo de venda dos EUA. As exportações de milho da safra 2012/13 caíram 70% na semana encerrada em 12 deste mês em relação à anterior, informou o Usda. Os embarques de soja da nova safra caíram 36%.

Safra velha Os americanos continuam vendendo soja da safra 2011/12, que termina em agosto, o que pode reduzir ainda mais os estoques. As exportações já ultrapassaram em 4,5% o previsto pelo Usda.

Suíno O governo atendeu pedido dos produtores e fará leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP). O objetivo é dar subsídio de até R$ 0,40 por quilo do animal vivo.

SOJA

+4,81%

Em 7 dias, no mercado interno

MILHO

+10,60%

Em 7 dias, no mercado interno

Milho pode registrar a maior perda em 24 anos

A quebra da safra de milho nos EUA pode ser a maior desde 1988/89, quando a produtividade no país caiu 29% em relação ao ano anterior.

Essa é a visão de produtores de Ohio, Michigan e Indiana, segundo a analista Daniele Siqueira, da AgRural, que visita a região nesta semana.

A analista, que sofreu com a temperatura de 38ºC às 18h30 em Ohio nesta semana, diz que até as áreas de milho irrigado são afetadas, pois os pivôs sozinhos não dão conta da plantação seca.

Segundo ela, os produtores ainda têm dificuldade para avaliar a produtividade que vão colher, mas há áreas com até 50% de perda.

Daniele diz que a redução na produção de soja é inevitável, mas que ainda é possível ter safra razoável. "Vemos lavouras resistindo bravamente, mas precisando desesperadamente de chuva."

TATIANA FREITAS (interina)

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