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Após lucro fraco, Vale reavalia projetos

Mineradora informou ontem que vai adiar entrada de operação de usina e expansão de mina de cobre no Pará

Empresa, cujo ganho no 2° semestre caiu pela metade, definirá outras mudanças e se haverá ou não desinvestimento

DO RIO

Depois da Petrobras, agora é a Vale que também pretende reavaliar projetos em busca de maior retorno para os investidores e menor custo para os empreendimentos.

Em meio à crise global e diante de incertezas em relação ao seu maior mercado -a China-, a Vale informou ontem, um dia após anunciar redução de 48,3% nos lucros do segundo trimestre, que até o final do ano divulga a revisão, que pode ou não passar por desinvestimentos.

Algumas mudanças já foram observadas na divulgação do resultado do segundo trimestre, como o adiamento da entrada em operação de uma usina de pelotização (transformação de finas partículas de minério em pelotas) no Espírito Santo, prevista para o segundo semestre deste ano e adiada para o primeiro semestre de 2013.

Outra postergação se refere à expansão da mina de cobre Salobo, no Pará, que passou do segundo semestre de 2013 para o primeiro semestre de 2014. No ano passado, a Vale já revisara seu portfólio de projetos, priorizando 20 deles, no valor de US$ 40 bilhões, que agora também foram postos em avaliação.

"Não tem uma revisão significativa nem para mais nem para menos. Existe mais uma expectativa de que, no médio prazo, possamos ter economia em alguns projetos que estão sendo executados", disse em teleconferência o diretor financeiro da companhia, Tito Martins, que deixa a empresa na semana que vem.

Segundo ele, é prematuro falar agora de desinvestimentos ou parcerias. "O que se tem preocupação hoje é identificar o que está impactando negativamente a performance e solucionar a questão."

PROCURA-SE PARCEIRO

A empresa admitiu, porém, que busca parceiro para o projeto de potássio na Argentina, que recentemente recebeu o aval do governo de Cristina Kirchner. "A opção de trazer um sócio ou não é uma opção puramente estratégica, de mitigar risco", disse Roger Downey, diretor de fertilizantes e carvão da Vale.

Os executivos participaram ontem de uma série de teleconferências para explicar o resultado da companhia no segundo trimestre do ano, quando a Vale viu seu lucro ser reduzido pela metade com o impacto cambial sobre sua dívida em dólar e a queda do preço do minério de ferro

-de abril a junho, o lucro da mineradora foi R$ 5,3 bilhões.

Segundo o presidente da Vale, Murilo Ferreira, os projetos de minério de ferro e fertilizantes são prioridade da empresa, com destaque para o Serra Sul (S11D), no Pará, que vai acrescentar 90 milhões de toneladas à mina de Carajás. Para ele, o preço do minério de ferro não demora a se recuperar.

Ferreira disse também que está otimista em relação ao segundo semestre, mas admitiu que os dividendos para os acionistas neste ano "serão menos esfuziantes" do que no ano passado.

Para o analista da corretora Ágora, Aluisio Lemos, o fato de Petrobras e Vale revisarem projetos visando menor custo é saudável diante da atual crise.

Lemos mantém um "otimismo moderado" em relação ao desempenho da Vale daqui para a frente, mas não quis arriscar quais projetos poderiam ser abandonados pela empresa.

"O quadro continua muito turvo no curto prazo, mas a Vale é sempre um ativo que será recomendado", avaliou. (DENISE LUNA)

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