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Análise

Cenário deve melhorar, mas recuperação pode ser modesta

JULIO GOMES DE ALMEIDA
ESPECIAL PARA A FOLHA

O crescimento da produção industrial, de apenas 0,2% em junho com relação a maio, não é alentador porque não altera o contexto geral de retração vivido desde meados do ano passado.

Mas não há como negar reações relevantes em certos segmentos, o que pode ser indicativo de que daqui para frente o cenário melhorará.

Por esse ângulo, o desempenho de junho não foi mau, ainda que, para cada caso, fatores pontuais tenham sido decisivos para a recuperação.

Por exemplo, um extraordinário crescimento da produção de remédios determinou em grande medida a reativação do segmento de bens semiduráveis e não duráveis.

Automóveis e linha branca, que tiveram estímulos fiscais, foram relevantes para a melhora em bens duráveis.

E uma inusitada variação da produção de outros equipamentos de transporte (onde o destaque é a produção de aviões) colaborou para o avanço em bens de capital.

A indústria deixa para trás um dos piores primeiros semestres de sua história recente, como foi a primeira metade deste ano, quando assistiu a um declínio de 3,8%.

Se excetuarmos 2009, quando a queda chegou a 13,4%, um resultado tão desfavorável somente foi registrado em 1996 (-4,5%).

Isso mostra a gravidade da situação industrial, que envolve uma difícil crise de competitividade. Reside aí o ponto de interrogação para o segundo semestre.

A redução na taxa básica e nas taxas de juros do crédito, o câmbio mais competitivo, as medidas de incentivo ao consumo e as ações da política industrial deverão dar maior ímpeto ao consumo e ao investimento -em que deverá ter maior destaque o investimento público.

Em razão disso, a indústria crescerá mais, mas é muito difícil antecipar a magnitude de sua recuperação, que poderá ser modesta, dado o quadro de baixo poder de concorrência que ainda deverá persistir.

JULIO GOMES DE ALMEIDA é professor da Unicamp e consultor do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial).

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