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Análise

Aumento da concessão de crédito pode aumentar o endividamento do governo

ERIVELTO RODRIGUES
ESPECIAL PARA A FOLHA

Enquanto os quatro maiores bancos privados (BIG4) pisaram no freio na concessão de crédito no primeiro semestre e amargaram recuo no lucro em relação a 2011 (exclusive o Bradesco, que teve expansão de 3,3%), a Caixa Econômica Federal (CEF) pisou fundo no acelerador da concessão de crédito.

Seu exemplo foi seguido pelos demais bancos públicos federais (BB e BNDES).

Com isso, a CEF amealhou lucro de R$ 2,8 bilhões no primeiro semestre e apurou expansão de 25,2% sobre o mesmo período de 2011.

A redução do ímpeto na concessão de crédito por parte dos "BIG4" decorre do atual cenário externo ainda debilitado e pela evolução nada satisfatória da taxa de inadimplência geral.

Na contramão do mercado, a CEF divulgou crescimento de 44,6% em sua carteira total de crédito no acumulado dos últimos 12 meses terminados em junho, com taxa de inadimplência estável em 2%.

A ação do governo em irrigar a economia com aumento do volume das concessões de crédito por meio dos bancos públicos federais é louvável para amenizar os efeitos da persistente crise nas economias centrais, principalmente nos indicadores do mercado de trabalho brasileiro (emprego e renda).

Mas essa história de sucesso da CEF pode ter um gosto amargo para a sociedade.

O uso desenfreado dos bancos públicos federais na concessão de crédito poderá exigir novos aportes de capital por parte do Tesouro Nacional para suportar o aumento significativo da carteira de crédito da CEF.

A estimativa é de expansão de 42% neste ano, com destaque para o crédito imobiliário, que deverá chegar a R$ 100 bilhões concedidos.

A contrapartida do aumento de capital dos bancos públicos é o aumento do endividamento do governo por meio da emissão de títulos, perpetuando a elevada carga tributária (40% na média).

Por fim, é importante que a CEF cumpra com seu ofício de estimular o desenvolvimento socioeconômico com crédito para saneamento e educação. Entretanto, é ainda mais importante e necessário que essa tarefa seja executada com prudência e sem ônus à população.

Isso porque o atual nível do índice de Basileia da CEF está em 12,91%, muito próximo ao limite de 11% exigido pelo BC, e lembrando que o governo gasta ao menos 35% de tudo o que arrecada para financiar suas dívidas.

ERIVELTO RODRIGUES é presidente da consultoria Austin Rating.

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