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Mercado - MPME

Como crescer se tornando fornecedor do ex-patrão

Ex-funcionários usam, em novos negócios, experiência na Petrobras

Engenheiro criou um suporte para gasodutos e hoje tem como cliente a empresa em que trabalhou até 2002

LUCAS VETTORAZZO
DO RIO

Eles trocaram a segurança de uma estatal pelas incertezas do empreendedorismo. E ainda escolheram um setor tradicionalmente arriscado -o de petróleo e gás.

A decisão de largar tudo e começar do zero é o que une quatro ex-funcionários da Petrobras que apostaram em criar suas próprias empresas.

Quando ainda não era possível imaginar petroleiras privadas nacionais, os egressos criaram empresas de serviços para o setor. É o caso do engenheiro Paulo Fernandes, que fundou, em 2005, a Liderrol, cujo principal cliente é a própria Petrobras.

Concursado de nível médio da estatal, ele deixou a empresa em 2002, depois do congelamento de concursos internos para engenheiro.

Ele diz que soldou muito portão de garagem antes de ter a ideia que o transformou em empresário de sucesso.

"Uma empresa alemã me procurou querendo vender polímeros para a Petrobras. Eu sugeri criar um produto em vez de vender o material bruto. Fiz um rolete ultrarresistente para suporte de gasodutos, que substituiriam os tradicionalmente usados na indústria, feitos de aço."

Após testes, a Petrobras fez a primeira encomenda, de R$ 500 mil. O maior contrato da Liderrol, de R$ 90 milhões, também foi com a Petrobras. A empresa hoje fatura em média R$ 120 milhões por ano.

FALÊNCIA

O engenheiro Luiz Germano Bodanese foi chamado de louco quando deixou um cargo gerencial na Petrobras Américas.

Primeiro abriu um cursinho de inglês, que faliu. Em 1995 criou a Gaia, representante de fabricantes de equipamentos. Foi sua empresa que forneceu os primeiros tubos de aço para a exploração em águas profundas.

Hoje a Gaia desenvolve tecnologia e emprega quatro PhDs. Bodanese abriu outras duas empresas, a Gaia Realizações Imobiliárias, de construção civil, e a Garra, de marketing esportivo. "Nada mal para quem não deu certo com um cursinho de inglês", diz.

O também engenheiro Renato Bertani é o mais recente no grupo. Ocupava a gerência executiva da Petrobras Américas até o final de 2006.

Num churrasco com amigos, ouviu a proposta: "Vamos montar uma empresa de exploração e produção no Brasil?", feita por João Carlos De Luca, presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo) e ex-colega de estatal.

Bertani pediu as contas e criou, no final de 2010, a Barra Energia, que se tornou a primeira empresa privada brasileira no pré-sal, depois de comprar participações (30% e 10%) da Shell em dois blocos na bacia de Santos. Ambos estão em fase inicial de exploração.

A empresa tem 27 funcionários e R$ 1,2 bilhão para investir. "A expertise que adquiri com o trabalho na Petrobras me permitiu sonhar com minha própria petroleira", diz o engenheiro.

Bertani diz que o pioneirismo da OGX, petroleira do grupo de Eike Batista, serviu de inspiração. A empresa foi criada com a ajuda de outro ex-Petrobras, o engenheiro Rodolfo Landim. Após divergências, a parceria foi desfeita e está na Justiça.

Landim criou a YXC, que aguarda novos leilões de áreas para investir.

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