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Dólar mais caro não freia importado

Levantamento da Fiesp mostra que fatia de concorrentes estrangeiros subiu e foi recorde no 2º trimestre de 2012

Indústria diz que vai levar tempo para que os setores afetados possam se reerguer e recuperar mercado

DE SÃO PAULO

Nem a recente valorização do dólar tem ajudado a indústria nacional a concorrer com os importados.

Segundo levantamento da Fiesp, a presença de produtos estrangeiros no consumo doméstico de itens industriais aumentou no segundo trimestre. Isso apesar da desvalorização de 11% do real ante o dólar em relação à cotação média do primeiro trimestre.

A desvalorização deixa o produto brasileiro mais barato em dólar e, em tese, mais competitivo.

Mesmo assim, a Fiesp informou que 1 em cada 4 produtos industriais consumidos no país é importado (24,05%). A marca é recorde, superior à do quarto trimestre de 2011 (23,97%), quando o dólar médio era de R$ 1,80. Ontem, a moeda fechou a R$ 2,021.

Segundo pesquisa semanal do Banco Central, analistas preveem que a taxa de câmbio fechará 2012 em R$ 2, diante da intenção do governo de manter a desvalorização do real para dar competitividade à indústria.

DÓLAR A R$ 2,30

De acordo com o diretor de assuntos internacionais da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, o dólar mais caro ainda não surtiu efeito por completo e defende mais:

"Diante da excessiva valorização do real ocorrida no passado, há espaço para o dólar ir a R$ 2,20, R$ 2,30".

Além disso, diz, alguns fabricantes desapareceram com a falta de encomendas, e a recuperação leva tempo.

"A 'ressubstituição' dos importados não depende só de preço, mas também de qualidade. Os fabricantes que ficaram parados dois, três anos terão que atualizar a produção e introduzir tecnologia para competir. Isso pode levar anos", disse.

A perda da fatia dos produtos nacionais ocorreu mesmo com a queda do consumo doméstico. Com a crise, o consumo de itens industriais recuou 3,8% no segundo trimestre ante o mesmo período do ano passado.

Mas a produção doméstica caiu mais: 5,2%. Assim, mesmo com um mercado menor, a importação aumentou 1%.

Além do câmbio, diz Giannetti, a recuperação da competitividade depende da confiança de que os estímulos dados ao setor continuarão.

"Antes de inventar novas medidas, o governo deveria manter e ampliar as que estão em curso, como a desoneração da folha de pagamentos e o Reintegra [devolução de imposto ao exportador]."

A Fiesp informou ainda que a fatia da produção local voltada para exportação também subiu e alcançou 20,5%.

(MARIANA CARNEIRO)

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