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Credor do Cruzeiro do Sul pode ter perda de 49%

Fundo interventor propõe deságio a investidores que compraram títulos

Se oferta não for aceita, FGC vai sugerir liquidação do banco; estimativa do valor do rombo sobe para R$ 3 bi

TONI SCIARRETTA
DE SÃO PAULO

Após 60 dias de intervenção, o FGC (Fundo Garantidor de Créditos) fez uma série de ajustes no Banco Cruzeiro do Sul e elevou o rombo contábil, inicialmente calculado em R$ 1,3 bilhão, para R$ 3,110 bilhões.

Com esse rombo, o patrimônio do banco, que era de R$ 1,15 bilhão, fica negativo em R$ 2,23 bilhões.

Para cobrir esse "buraco", o Fundo Garantidor propõe uma "socialização" dos prejuízos, em que os investidores que compraram títulos de dívida do banco aceitem perder, em média, 49,3% do que esperavam receber.

Quem comprou CDBs do banco segue com a cobertura integral do Fundo Garantidor de até R$ 70 mil e não terá de aceitar "deságio".

O mesmo acontece com os grandes investidores, a maioria fundos de pensão e de investimentos, que compraram papéis com garantia especial (chamada DPGEs), que têm cobertura integral de até R$ 20 milhões.

O "perdão" será dos investidores que não estão garantidos e que perderiam tudo em caso de liquidação.

"Estamos socializando o prejuízo com todos", disse Celso Antunes, administrador do banco.

As maiores perdas serão do investidores estrangeiros, que compraram R$ 3,3 bilhões em títulos do banco, que vencem em setembro deste ano até 2020.

Hoje, a maioria desses títulos é negociada com "desconto" que varia de 35% a 70% do valor integral. Quanto maior o prazo de vencimento, maior é o risco de não receber e maior o desconto.

"Essa operação é conhecida dos investidores estrangeiros. Não estamos falando em nenhum absurdo porque eles já assumiram parte dessas perdas. Para eles, é um risco muito alto não aderir à proposta para depois tentar receber o total na Justiça", disse Antonio Carlos Buenos, diretor-executivo do FGC.

LIQUIDAÇÃO

A oferta está condicionada a uma adesão de 90% de todos os credores e também que apareça um comprador para o Cruzeiro do Sul. Se isso não ocorrer, o FGC vai recomendar ao Banco Central a liquidação do Cruzeiro do Sul em 12 de setembro.

Para manter o funcionamento, após zerado o rombo, o comprador terá de aportar de R$ 700 milhões a R$ 800 milhões no Cruzeiro do Sul.

Segundo Antunes, o dinheiro apurado com a venda do banco será também "socializado" com os credores, reduzindo o desconto dado pelas dívidas.

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