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Analistas afirmam que efeito não será imediato

Pacote deve ajudar investimentos a partir de 2014, dizem economistas

Para consultoria, programa pode acrescentar 0,1 ponto porcentual ao PIB ao ano partir de 2013

MARIANA CARNEIRO
DE SÃO PAULO

Embora considerado positivo pelo mercado financeiro, o pacote de concessões anunciado pelo governo não deverá surtir efeito imediato na atividade econômica, afirmam analistas.

A previsão oficial é que as obras comecem no segundo semestre do ano que vem. O prazo, contudo, é considerado apertado para padrões brasileiros e as projeções são que o impacto ocorra só no último ano do atual mandato de Dilma Rousseff.

"As medidas terão efeito prático apenas em 2014, uma vez que a maioria das concessões será concretizada no fim de 2013", afirma André Perfeito, economista da Gradual Investimentos.

O valor envolvido também foi alvo de ressalvas. A previsão do governo é que sejam injetados R$ 80 bilhões nos próximos cinco anos.

MENOS DA METADE

Pelos cálculos do economista-chefe do Banco Fator, José Francisco Gonçalves, o valor representa menos da metade do que o governo federal investiu nos últimos cinco anos (R$ 228 bilhões).

Se aplicado integralmente e no período desejado, o montante seria capaz de acrescentar 0,4 a 0,5 ponto percentual na taxa de investimento a cada ano, diz o economista.

Em 2011, a taxa -que é a proporção dos investimentos no PIB (Produto Interno Bruto)- ficou em 19,3%.

"Mas é difícil imaginar que parte disso não vaze via importações de peças e equipamentos", afirma Gonçalves. "Hoje, quem constrói ferrovias no Brasil, por exemplo, importa os trilhos da China."

Parte desse valor também será usada na confecção de projetos e em salários, que não entram na conta dos investimentos.

A consultoria LCA estima que o pacote produzirá um acréscimo de 0,1 ponto percentual no PIB a partir de 2013, o que poderia gerar um crescimento econômico de 4,1% ao ano, segundo projeção de seus economistas.

"Esse cálculo não leva em conta os efeitos que a melhora do investimento em infraestrutura pode gerar sobre a competitividade e a produtividade da economia brasileira nos próximos anos", afirma relatório elaborado pela consultoria.

MAIS POTENCIAL

O economista-chefe do banco Credit Suisse, Nilson Teixeira, não alterou sua projeção de crescimento (4%) para o ano que vem.

"O investimento em si demora a surtir efeito e, em 2013, ele não será tão representativo", diz. "O PIB não vai crescer muito mais só com isso, mas [a iniciativa] tende a reduzir os custos de produção no médio prazo e talvez isso aumente o potencial de crescimento da economia."

A expectativa de que os empresários antecipem investimentos, na esteira do anúncio, é incerta.

"O entusiasmo cresce quanto mais rápido começarem as obras", diz Gonçalves.

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