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Análise

Modelo deve preservar a capacidade de investimento

PAULO RESENDE
ESPECIAL PARA A FOLHA

O "Programa de investimentos em logística: rodovias e ferrovias" desafia o conceito de que o orçamento público é capaz de responder às demandas logísticas do desenvolvimento brasileiro.

A barreira de entrada para a eficiência na gestão é fragilizada pelo reconhecimento de que a iniciativa privada possui mecanismos mais ágeis e eficazes para a conquista de resultados.

E a criação de uma empresa focada no planejamento e na integração dos modais de transportes é o embrião da operacionalização de corredores logísticos que, no longo prazo, darão competitividade para as cadeias produtivas pela movimentação baseada na intermodalidade.

Finalmente, iniciar o pacote de obras com rodovias e ferrovias é reconhecer que mais de 80% da atual matriz de transportes do Brasil precisa ser reequilibrada.

No entanto, uma frase define com precisão o sucesso ou o fracasso do programa. A busca deve ser não pela menor tarifa, mas pela menor tarifa possível. Ao se desdobrar para as camadas burocráticas da máquina governamental, essa frase pode ser ideologicamente reduzida para terminar com a expressão "menor tarifa", retirando a palavra "possível".

Significa na prática a imposição de taxas internas de retorno insuficientes para prover ao investidor a capacidade de investimentos, colocando em risco a viabilidade e a sustentabilidade dos projetos.

É justamente essa capacidade que, se preservada, resulta em mais pagamentos de impostos, geração de empregos, redução de acidentes e aumento da produtividade e da competitividade.

O desafio agora é a construção da confiança, interrompendo a série de mensagens instáveis aos olhos dos investidores e criando um ambiente de atratividade.

E o caminho passa pela modelagem financeira capaz de proporcionar rentabilidade dentro do possível e custo para o usuário alinhado aos seus valores.

É necessário iniciar uma fase de tarifas de mercado que garantam eficiência na gestão e na qualidade nos serviços. Talvez essa seja a fórmula do redesenho de uma nação mais competitiva.

PAULO RESENDE é coordenador do Núcleo de Infraestrutura e Logística da Fundação Dom Cabral.

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