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Bactéria que "come" cobre pode dar R$ 2,8 bi para Vale

Empresa que aproveitar metal que está no fundo de lagoa de descarte

A primeira etapa é identificar a bactéria ideal para 'comer' o cobre e absorver o maior volume do metal

PEDRO SOARES
DO RIO

A Vale desenvolve, em parceria com a USP, uma tecnologia para identificar bactérias e fungos capazes de "comer" cobre para, no futuro, aproveitar economicamente os rejeitos produzidos no beneficiamento do mineral e absorvidos por esses micro-organismos.

O projeto conta com financiamento não reembolsável (a fundo perdido) de R$ 12 milhões do BNDES e contrapartida de R$ 3 milhões da Vale. A pesquisa está em curso na barragem de rejeitos da mina de Sossego, em Carajás (PA).

Nessa espécie de lago onde são depositadas as sobras do processamento do cobre, há 90 milhões de toneladas de detritos -nelas, há teor residual de 0,07% de cobre.

Ao preço atual do metal, a Vale teria receita bruta (sem descontar as despesas) extra de US$ 1,4 bilhão (R$ 2,8 bilhões) com o aproveitamento dos resíduos da barragem -mais do que a companhia investiu, de 1997 a 2004, para colocar a mina em operação (R$ 1,2 bilhão).

"Será uma tecnologia revolucionária para o mundo da mineração. O aproveitamento do cobre será muito maior do que hoje", disse Eugênio Victorasso, diretor de operações de cobre da Vale.

Até a viabilidade econômica do projeto, porém, ainda há um longo percurso. A primeira etapa é identificar a bactéria ou fungo ideal para "comer" o cobre, com capacidade para absorver o maior volume possível do metal.

Já foram coletadas 35 amostras de micro-organismos na própria barragem de rejeitos, mas os 20 pesquisadores da Engenharia Química da USP envolvidos na pesquisa voltarão ao local em busca de mais amostras de bactérias e fungos, a fim de aumentar as chances de selecionar os melhores.

Na segunda fase, a pesquisa se voltará ao desenvolvimento de um processo para retirar dos micro-organismos o cobre absorvido por eles, o que permitirá o aproveitamento comercial do produto.

Para Victorasso, porém, a etapa de seleção das bactérias é a mais importante e a mais difícil. O segundo passo, diz, é "uma consequência natural" do primeiro.

Se tiver êxito, será a primeira iniciativa no mundo a viabilizar economicamente os rejeitos da mineração e beneficiamento do cobre.

O metal é raro na natureza. Em uma tonelada de minério extraída, só existe de 0,9% a 1,5% de cobre puro. Na mina da Vale, o percentual é de 1%. Por isso, o metal é valorizado: a tonelada é cotado na faixa de US$ 7.600.

A cada ano, a Vale extrai 13 milhões de toneladas de minério bruto (com cobre contido) da mina no Pará. Para abrigar o detrito, a Vale está aprofundando em quatro metros a barragem de rejeito.

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