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Parcerias fazem crescer índice de créditos aprovados

Acordo de banco com montadora aumenta número de clientes do primeiro e dá mais margem de ação à segunda

Para especialistas, braço financeiro dá fôlego à indústria para manter vendas nos momentos de crise

DE SÃO PAULO

A parceria com bancos comerciais para a criação de um serviço financeiro exclusivo é o primeiro passo para a criação de um banco genuíno, totalmente administrado pela montadora -como o da Volkswagen, por exemplo-, que costuma ser viável a partir de um volume maior.

O acordo traz benefícios para as duas partes. Permite à montadora criar estratégias comerciais específicas, como a oferta de taxa subsidiada.

"Toda montadora precisa de um banco para oferecer essas tarifas especiais. Se ela não tiver um braço financeiro -seja próprio ou com terceiros-, ela não consegue fazer essa oferta e já sai em desvantagem", diz o presidente da Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), Décio Carbonari.

Para o banco, é um relevante ganho de mercado porque, além da venda dos veículos, a parceria prevê o financiamento dos estoques das concessionárias.

As políticas mudam conforme os termos do contrato. Em geral, a montadora oferece os recursos para as operações de financiamento.

As duas partes negociam também as responsabilidades do risco nas operações, como nos casos de inadimplência, por exemplo.

A participação da montadora nessas definições é o que garante maior segurança na concessão de crédito.

Segundo o consultor Valdner Papa, o índice de aprovação dos pedidos de crédito, hoje em torno de 50% no mercado como um todo, chega a 60% na operação com a parceria do banco e até a 70% na oferta das instituições totalmente administradas pela montadora.

"Concessão de crédito você não modifica radicalmente, mas o banco tende a ser menos rigoroso [na parceria] do que na operação individual", afirma.

Os bancos das montadoras ajudaram a atenuar a secura durante o primeiro semestre.

No período, apenas cerca de 35% dos pedidos de crédito eram aprovados.

A restrição veio como consequência de um abuso nas concessões nos últimos dois anos, com planos de 60 meses sem entrada, que fizeram a inadimplência de veículos praticamente dobrar em um ano, para o maior nível já registrado.

O cenário provocou desaceleração nas vendas e acúmulo de estoques. O quadro levou o governo a reduzir o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de carros e adotar medidas para garantir a retomada do crédito.

PROTEÇÃO

"Nos momentos difíceis de crédito, a marca sobrevive apoiada num banco de montadora. Passa a ser de importância estratégica para manter um volume mínimo de vendas financiadas com crédito analisado com maior flexibilidade", diz Papa.

O passado recente impõe o ritmo de pressa aos asiáticos.

"É uma demanda da rede [de concessionárias]. É uma demanda de todo o mercado. Se pudéssemos, faríamos a parceria para ontem", brinca o diretor comercial da CN Auto, Humberto Gandolpho Filho, deixando escapar o senso de urgência.

(GABRIEL BALDOCCHI E EDUARDO SODRÉ)

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