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Juros caem, mas retomada está atrasada

Investimento em baixa, crise global e crédito travado tiraram eficácia dos estímulos e atrapalharam o efeito dos cortes

Inflação em 12 meses está em 5,2%, acima do objetivo determinado ao BC; expectativas para 2013 são de alta

DE SÃO PAULO

Um ano depois de iniciado o ciclo de corte de juros pelo Banco Central, a atividade econômica permanece fraca. Economistas buscam entender por que a redução da taxa básica ainda não produziu a esperada retomada.

A crise na Europa afetou as expectativas de empresários e abateu investimentos, mas não foi capaz de debelar reajustes de preços no Brasil.

A economia caminha para um crescimento de cerca de 2% neste ano, abaixo do de 2011 (2,7%). Mas a inflação estacionou acima de 5% -nos 12 meses encerrados em julho foi de 5,2%.

"O grande vilão do baixo crescimento é o investimento, e ele não andou com a queda dos juros", afirma Jankiel Santos, economista-chefe do banco de investimentos Espírito Santo.

"A redução deveria ter efeito, mas como planejar investimentos se o mercado prevê que haverá novo aumento de juros no ano que vem?", diz.

Na opinião do economista, para controlar a inflação em 2013, o BC terá que subir novamente a taxa básica. A opinião é corrente no mercado.

A mais recente pesquisa do BC com analistas mostra que a maioria prevê juros em 8,25% ao fim de 2013. Ontem, a taxa passou a 7,5%.

Para o economista-chefe da corretora Votorantim,

Roberto Padovani, além da menor confiança dos empresários, a queda dos juros ainda não chegou completamente ao consumidor.

Com o aumento da inadimplência, os bancos ficaram mais seletivos para emprestar. O aumento recente das concessões de crédito ocorreu, até agora, pela ação dos bancos públicos.

"Quando o crédito destravar totalmente, e isso deve ocorrer nos próximos meses, os incentivos vão fazer efeito", afirma Padovani.

Dados de junho animaram economistas sobre a recuperação, mas números de julho ainda põem em dúvida o ritmo de retomada. Ontem, a Empresa de Pesquisa Energética divulgou que o consumo de energia da indústria voltou a cair em julho.

A combinação de crescimento fraco e projeção de inflação mais alta faz economistas divergirem sobre a eficácia da estratégia do BC.

Para o economista André Biancarelli, da Unicamp, o BC agiu certo: "As expectativas de crescimento estariam piores e as condições para a retomada também", diz.

Ex-diretor do BC, o economista Alexandre Schwartsman, reitera críticas à autoridade monetária: "O BC falou que o ambiente externo era desinflacionário e que isso o faria entregar a inflação na meta. Não entregará neste ano, nem no ano que vem".

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