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Análise

Prazer, dinheiro e renúncia: não existe escolha sem dor

SAMY DANA
ESPECIAL PARA A FOLHA

Ao ser convidado para um evento, certa vez, declinei por falta de tempo. Meu interlocutor disse: tempo você tem, o que não tem é a prioridade para este evento.

Passei a reparar em quantas escolhas temos que fazer durante a vida, como dedicar tempo para cultivar uma amizade e abrir mão de ficar com outras pessoas ou escolher entre uma tarde na churrascaria ou na academia.

Em tudo na vida, há escolhas e renúncias, mas nosso cérebro está sempre mais treinado para pensar nos benefícios do que na renúncia.

Se você compra uma televisão à vista por R$ 1.500, está renunciando a essa quantia em troca da satisfação de ter a TV. Mas, se não comprasse, o que poderia fazer com o dinheiro? Para alguns, a compra pode significar a renúncia de uma viagem ou de roupas no armário. Para os mais precavidos, um aumento da renda após a aposentadoria.

Quando se compra a prazo, além da renúncia, há os juros. Se alguém parcela a TV de R$ 1.500 em dez vezes de R$ 170, a renuncia é de R$ 1.500 mais os R$ 200 de juros.

Criou-se uma lógica de que quanto mais eu consumo, mais feliz eu fico. Esta premissa é ótima para os marqueteiros, mas será que vale para todos? Ganha-se ao postergar a satisfação?

O principal incentivo são os juros. Quem posterga recebe um "plus" em relação àquele que quer antecipá-la.

Já dizia Antoine de Saint-Exupéry: "Determinada flor é, em primeiro lugar, uma renúncia a todas as outras flores. E, no entanto, só com esta condição é bela".

Portanto, lembre-se: 1) ao consumir, você renuncia aos juros que receberia da poupança; 2) ao financiar, renuncia a satisfações futuras e 3) quando se endivida mais do que pode, renuncia a boas noites de sono.

SAMY DANA É Ph.D. em Business, professor da FGV e coordenador do núcleo de cultura e criatividade GV Cult

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