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Finanças pessoais

MARCIA DESSEN

marcia.dessen@bmibrasil.com.br

Acorde!; tem um furo no seu bolso e você ainda não percebeu

Tenho abordado com frequência, nesta coluna, a importância de gerenciar os custos de seus investimentos.

A generosa taxa de juros do passado ficou no passado. O investidor brasileiro precisa se acostumar com outro nível de retorno sobre os seus investimentos.

O cenário econômico indica que, mesmo com alguma flutuação, a taxa de juros básica de apenas um dígito veio para ficar.

Investir em qualquer uma das muitas alternativas de investimento disponíveis no mercado envolve custos. A única exceção é a poupança.

As demais, em maior ou menor escala, tiram algum dinheiro do seu bolso. Antigamente, a taxa de juros era tão generosa que essa "mordida" passava despercebida e ainda deixava no bolso do investidor uma rentabilidade capaz de incentivar as aplicações financeiras em detrimento de consumo imediato do capital disponível.

Algumas instituições financeiras promoveram, recentemente, uma redução na taxa de administração cobrada pelos fundos de investimento, buscando adequar a proporção entre a rentabilidade gerada para o cotista e a taxa cobrada pela prestação do serviço.

Foi perceptível a pressão do governo para que esse movimento acontecesse.

Agora, se você não fizer a sua parte para reduzir seus custos e continua pagando, passivamente, uma taxa de administração abusiva, a instituição financeira agradece. Sua inércia está lhe custando caro, muito caro.

A taxa de administração dos fundos de investimento e dos planos de previdência complementar incide, anualmente, sobre o capital corrigido.

Sim, incide sobre todo o capital corrigido, independentemente da rentabilidade do produto.

Essa taxa remunera a prestação de serviço de administração e gestão dos recursos financeiros depositados e não tem nenhuma conexão com o ganho que proporciona.

Fiz uma pesquisa rápida, consultando o site de quatro grandes bancos do mercado, para saber quanto patrimônio existe "adormecido" em fundos com taxa de administração elevada.

Os números refletem a posição de apenas cinco fundos, em 30/8/2012, e revelam que milhares de investidores desatentos deixam, voluntariamente, mais de R$ 15 bilhões gerando mais receita para os bancos do que para eles mesmos.

Observe na tabela 1 a rentabilidade proporcionada em três anos, para o cotista e para o administrador, de cada um dos fundos.

Como a variação acumulada da taxa DI no mesmo período de três anos foi de 33,50%, a rentabilidade dos bancos, em alguns casos, foi maior do que a rentabilidade dos investidores.

Se levarmos em conta que são fundos de curto prazo ou fundos DI, que exigem estrutura menos complexa de gestão, existe uma clara desproporção entre o custo e o benefício gerado para o cotista.

Quero ser mais contundente e adicionar um exemplo numérico de um investidor que deixou seu dinheiro no fundo de investimento do banco C, por exemplo, que cobra taxa de administração de 5% ao ano.

Na tabela 2 vamos apontar quanto esse investidor tem hoje, depois de três anos, e quanto ele teria se tivesse colocado o dinheiro em outras alternativas de investimento, com perfil de risco semelhante, no mesmo banco.

O exemplo indica o valor líquido de resgate de uma aplicação de R$ 100 mil, feita há três anos, após pagamento de 15% de Imposto de Renda.

Será que você é um dos milhares de investidores desatentos que têm contribuído mais com a riqueza alheia do que com sua própria riqueza?

Se você não sabe quanto paga de taxa de administração, entre no site do banco e localize seu fundo na tabela divulgada. Ela publica, obrigatoriamente, a rentabilidade de vários períodos, o patrimônio líquido e a taxa de administração.

Localize um fundo de seu interesse, com a menor taxa de administração possível, que aceite o valor de aplicação que você tem disponível.

E negocie com seu gerente de relacionamento a migração para esse novo fundo. E lembre-se de que existe muita concorrência no mercado.

Fique de olho nos custos. Se você não cuidar bem do seu dinheiro, ninguém vai.

MARCIA DESSEN Certified Financial Planner, é sócia e diretora-executiva do Brazilian Management Institute, professora convidada da Fundação Dom Cabral e cofundadora do Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros.
@bmibrasil

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