Cresce fuga de ações do setor elétrico com dúvidas sobre plano

A fuga dos investidores das empresas do setor elétrico se intensificou ontem na Bolsa.

As companhias afetadas pela renovação das concessões -que terão perda de receita devido à queda nas tarifas- foram o principal alvo de venda, mas a queda foi generalizada entre as elétricas.

As ações preferenciais B da Cesp desabaram 28% e lideraram as perdas. Em seguida se destacaram os papéis PN da Transmissão Paulista (-24%), e Cemig PN (-19%) -as três têm concessões a vencer entre 2015 e 2017.

Embora não seja atingida diretamente pelo pacote, a geradora AES Tietê viu suas ações PN caírem 15,7%. Segundo analistas, todas as ações do setor são afetadas pelo "risco sistêmico" que as propostas para a renovação das concessões trouxeram.

"Além disso, as informações ainda incompletas a respeito do custo da renovação não ajudam a desenhar um panorama claro do destino das empresas", observou a Ativa Corretora em relatório.

Na dúvida, os investidores abandonam o setor. Só ontem, as cinco empresas que precisam da renovação perderam mais R$ 11 bilhões em valor de mercado, segundo a Economática. Desde 28 de agosto (início dos rumores sobre o modelo do pacote), a perda é de R$ 26 bilhões.

Além de Cesp, Transmissão Paulista e Cemig, as novas regras atingem também a Copel e a Eletrobras.

O analista de um banco estrangeiro, que pediu para não se identificar, diz que o mercado reagiu a uma "surpresa" envolvendo a Cemig, que teve a renovação da usina São Simão, a maior do grupo, incluída na nova regra. A expectativa era a de que essa concessão fosse renovada sem custo adicional.

ITAIPU

Uma medida provisória publicada ontem prevê que o pagamento feito a Itaipu possa ser fixado em reais, ficando independente da flutuação do dólar. Como a usina é binacional, parceria entre Brasil e Paraguai, os contratos eram feitos só na moeda americana.