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Jornal "USA Today" reformula design pela 1ª vez em 30 anos

Conhecida como jornal da nação, publicação americana é a segunda mais vendida no país

Entre as mudanças está a alteração do logotipo conforme o noticiário e um site menos carregado de notícias

DA REUTERS

Quando a Gannett lançou o jornal "USA Today" em 15 de setembro de 1982, a publicação foi ridicularizada nos círculos do jornalismo norte-americano. Ganhou o apelido de "McPaper" por ter textos curtos, fotos grandes e muitos recursos gráficos.

Agora, o formato radical de antes está presente em quase todos os jornais dos EUA. O estilo que um dia foi único se tornou comum.

É por isso que, em um esforço de reinvenção voltado a leitores e anunciantes, o "USA Today" lançou ontem a primeira grande reforma de design gráfico em 30 anos.

"A única crítica real que vínhamos recebendo era a de que o formato estava cansado, estagnado", afirma Larry Kramer, recentemente nomeado presidente e editor responsável pelo "USA Today".

Para ele, a marca do jornal ainda é forte entre os consumidores. "Mesmo as pessoas que não o leem têm um sentimento positivo sobre ele."

REPORTAGEM ORIGINAL

Entre as alterações estão um novo logotipo, que muda de acordo com as notícias mais importantes do dia, e o uso de cores mais fortes, que preencherão porções maiores das páginas.

O site e os produtos digitais também serão reformulados. O estilo será mais limpo e enxuto, inspirado nos tabloides.

Isso contrastará com a prática de muitos sites de notícias que superlotam as páginas de com reportagens e publicidade. As mudanças serão mais que cosméticas.

Escolhido pela Gannett em maio, Kramer é conhecido pela experiência na mídia digital como a criação do site de notícias financeiras MarketWatch. Após ser contratado, selecionou David Callaway, então diretor de redação do site, para ser editor chefe do "USA Today".

À Reuters Kramer disse que o desafio será fazer mais reportagens para não depender das agências de notícias.

Ele planeja manter o orçamento e a equipe de trabalho.

A estratégia adotada no "USA Today" para melhorar a produção e distribuição de notícias será implantada depois nas demais redações da companhia dos EUA, que empregam 5.000 jornalistas.

"Vamos assumir o controle das operações noticiosas da Gannett e uni-las sob uma organização central para promover o compartilhamento de conteúdo", disse Kramer.

A Gannett já tentou promover outras vezes uma estratégia editorial coesa em suas 23 estações de TV aberta e 82 jornais americanos. Os esforços, porém, não tiveram sucesso.

Publicações como o "Arizona Republic" e o "Des Moines Register" estão entre as controladas pela Gannett.

CONCORRÊNCIA PESADA

Conhecida como o jornal da nação, o "USA Today" foca leitor médio, com uma orientação noticiosa popular.

É consumido principalmente por leitores em viagem, devido à forte distribuição em hotéis e aeroportos.

Ao longo dos anos passou a sofrer forte concorrência do "Wall Street Journal", que começou a dedicar mais espaço a notícias não financeiras, do "New York Times", e de outros diários mais acessíveis em tablets e smartphones.

"O 'Wall Street Journal' é o jornal nacional de negócios e o 'New York Times' é o jornal nacional para os assuntos mais sérios. O 'USA Today' não conta com uma identidade clara", disse Ken Doctor, analista da Outsell Research.

"É possível dizer que vive uma crise espiritual."

O "USA Today" tem circulação de 1,8 milhão de cópias diárias. Três anos atrás perdeu o posto de jornal mais vendido dos EUA para o "Wall Street Journal", que inclui as assinaturas pagas do conteúdo digital nos números de circulação, segundo o Audit Bureau of Circulations.

A Gannett não revela dados sobre publicações individuais em seus resultados financeiros, mas a publicidade nacional responde pela maior parte da receita do "USA Today".

Porém, essa modalidade de propaganda vem caindo em mais de 10% na comparação ano a ano há alguns trimestres. No segundo trimestre, por exemplo, a Gannett reportou que o faturamento nacional com publicidade recuou 17%.

"A pressão sobre o faturamento não descansa já há três anos, a ponto de eu ter perguntado à companhia três meses atrás por que eles não optavam por publicar apenas jornais digitais", afirmou Doug Arthur, veterano analista do setor jornalístico na Evercore Partners, falando sobre o "USA Today".

Arthur acredita que o "USA Today" tenha uma marca forte e uma boa fundação para relançamento, ainda que o processo possa representar "um grande desafio".

A ideia de abandonar a versão em papel do jornal pode um dia ser adotada -o "USA Today" hoje é impresso em 37 gráficas em todo o país.

Mas isso não acontecerá em curto prazo. Kramer diz que a versão impressa continua a ter parte importante em seus planos.

"A reformulação do jornal é crítica para tudo que está acontecendo", disse Kramer. "Vamos promover a transição de uma marca jornalística para uma marca de notícias."

Tradução de Paulo Migliacci

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