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Governo promete conter queda do dólar

Temor é que pacote de estímulo à economia dos EUA provoque enxurrada da moeda norte-americana no Brasil

Secretário da Fazenda diz que taxa entre R$ 2 e R$ 2,05 ainda é "muito apreciada"; BC intervém e dólar sobe

TATIANA FREITAS
DE SÃO PAULO

O governo mandou ontem um recado claro para os especuladores do mercado de câmbio: se for preciso, adotará medidas para conter uma queda expressiva do dólar.

O temor é que o novo plano de estímulo dos EUA, que prevê a injeção de mais US$ 40 bilhões por mês por meio da compra de títulos, provoque excesso de liquidez e estimule a entrada de dólares no Brasil. Com mais dólares em circulação, a tendência é que a moeda desvalorize.

"Vamos ver como isso vai se difundir na economia mundial e para onde vão esses recursos. Esperamos que eles fiquem circulando na economia americana", afirmou ontem o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa.

Mas, se o excesso de liquidez resultar em valorização do real, o governo disse que adotará medidas cambiais.

Barbosa não quis comentar quais instrumentos podem ser utilizados para conter a queda do dólar. "Medida cambial a gente não anuncia antes, a gente toma e explica depois", afirmou.

Na semana passada, o ministro Guido Mantega (Fazenda) já havia dito que o governo continuará adotando medidas para conter uma valorização excessiva do real, que prejudica a competitividade da indústria nacional.

Ontem, a declaração de Barbosa foi acompanhada de um reforço da atuação do Banco Central no mercado.

Desde a semana passada, a autoridade monetária vem promovendo leilões de contratos de dólar que equivalem à compra futura da moeda americana. Ontem, do total de US$ 3,5 bilhões ofertados, vendeu US$ 2,2 bilhões.

"O BC melhorou as taxas, e a demanda aumentou", diz José Roberto Carreira, operador da Fair Corretora.

Com a intervenção, o dólar fechou em alta de 0,94%, a R$ 2,03 -taxa considerada apreciada pela Fazenda.

"Não temos meta formal para a taxa de câmbio. Mas, entre R$ 2 e R$ 2,05, ela ainda é muito apreciada. Não desejamos uma valorização adicional [do real] e vamos tomar todas as medidas necessárias para que isso não aconteça", afirmou Barbosa.

Sidnei Nehme, diretor da corretora de câmbio NGO, disse que o governo tem poucos instrumentos para evitar a queda do dólar. "Já foi feito tudo o que era possível para controlar o mercado de câmbio", afirmou.

Para ele, o governo "opera" com a expectativa dos agentes. "Com esse excesso de interferência, o governo criou incertezas que afastam o especulador do mercado de câmbio brasileiro", disse.

PIB

Segundo Barbosa, o Brasil deve crescer entre 4% e 5% no segundo semestre, na comparação anual -a mesma taxa prevista para 2013.

Ele também disse que o governo deve apresentar, até o final do ano, proposta de unificação da alíquota do ICMS.

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