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BC refuta previsão de juros pela Fazenda

Embora trabalhe com cenário de taxas estáveis em 2013, banco ressalta que não é a vontade de A ou B que define a Selic

Diretoria do banco sentiu "desconforto" com declarações do governo; instituição prevê inflação na meta

VALDO CRUZ
NATUZA NERY
DE BRASÍLIA

Apesar de admitir que o cenário atual permite prever estabilidade na taxa de juros em 2013, o Banco Central sente "desconforto" com as declarações de membros do governo de que elas não precisarão subir e destaca que não é a vontade de um governante nem do presidente do BC que define a política monetária.

Nos últimos dias, o ministro Guido Mantega (Fazenda) e seu secretário-executivo Nelson Barbosa afirmaram acreditar que, no ano que vem, o BC não precisa subir a taxa Selic, porque não haverá pressões inflacionárias no curto e médio prazos.

A Folha apurou que o BC tem uma avaliação semelhante. A diferença é no tom.

O banco faz questão de sinalizar que não pode dar garantia de que os juros não irão subir, mesmo que seu plano seja mantê-los baixos.

Desde agosto do ano passado, o Banco Central cortou a taxa de juros de 12,5% para 7,5% ao ano e pode fazer mais uma redução, de 0,25 ponto, na próxima reunião do Copom, em outubro.

A avaliação da equipe de Alexandre Tombini, presidente do BC, é que a inflação vai demorar "um pouco" para atingir menos de 5%, por causa do choque recente de oferta nos EUA, mas que isso ocorrerá até o final de 2013.

E que, com a inflação se aproximando do centro da meta de 4,5% no ano que vem, pode não ser preciso subir as taxas de juros. Ressalva, porém, que o país não está livre dos ciclos monetários de alta e queda dos juros.

PALPITE INDEVIDO

Dentro do governo, assessores presidenciais concordam que fazer previsões públicas sobre o destino dos juros deveria ser evitado para não gerar a ideia de que existe meta de juros.

Segundo a Folha apurou, o movimento da Fazenda visa mais agir contra as previsões do mercado de alta dos juros no início do ano que vem e, com isso, tentar alterar as expectativas negativas.

A própria presidente Dilma Rousseff confidenciou a interlocutores que seu desejo é que os juros não subam.

Em caso de repique inflacionário, ela espera que o BC use primeiro outras ferramentas, como as chamadas medidas macroprudenciais, que enxugam o crédito para combater a alta de preços.

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